PF usa tática inquisitorial, diz defesa de ex-assessor de Bolsonaro

Eduardo Kuntz, advogado do coronel da reserva Marcelo Câmara, ex-assessor de Jair Bolsonaro (PL), disse nesta 5ª feira (14.mar.2024) que a PF (Polícia Federal) usa uma “estratégia inquisitorial” ao se recusar, segundo ele, a aceitar o depoimento do militar. Ele foi preso 8 de fevereiro na operação Tempus Veritatis, que investiga um grupo suspeito de organizar um plano de golpe de Estado para manter Bolsonaro na Presidência da República.

Em 22 fevereiro, o coronel foi levado à PF para depor. No entanto, teria ficado em silêncio pelo fato de seu advogado não estar presente durante a oitiva. No momento, Eduardo Kuntz acompanhava Tércio Arnaud, outro assessor que também depunha sobre a investigação.

“Caso se confirme essa informação de que Marcelo Câmara não será ouvido o que em tese estava sendo tratado como um equívoco grave, o que queríamos acreditar como a possibilidade de um terrível mal-entendido, toma contorno uma reprovável e inaceitável estratégia inquisitorial“, declarou Kuntz ao Poder360.

Kuntz, advogado de Câmara, afirmou que a atitude da PF de se recusar a ouvir o coronel serve para sustentar uma “narrativa vaidosa”. Em 23 de fevereiro, a defesa do militar pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) um novo depoimento. Eis a íntegra da petição (PDF 344 KB).

MONITORAMENTO DE MORAES

Câmara é suspeito de monitorar o ministro do STF Alexandre de Moraes. Em trechos de conversas obtidas pelo inquérito da PF, há uma troca de mensagens entre o coronel da reserva e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid.

A PF anexou, em seu relatório enviado ao Supremo, a seguinte troca de mensagens:

15 de dezembro de 2022

  • Marcelo Câmara: “trabalhando”;
  • Mauro Cid: “Algo?”.

16 de dezembro de 2022

  • Marcelo Câmara: “Viajou para São Paulo hoje (15/ 12), retorna na manhã de segunda-feira e viaja novamente pra SP no mesmo dia. Por enquanto só retorna a Brasília pra posse do ladrão. Qualquer mudança que saiba lhe informo”.

Em 21 e 24 de dezembro, Mauro Cid questionou “por onde anda a professora?”, ao que Câmara responde: “Volta no dia 31 a noite para posse”. Na sequência, Cid pergunta: “Na capital ou no interior?”. Câmara responde: “Na residência em SP – eu não sei onde fica”.

Segundo a PF, as movimentações relatadas nas mensagens coincidem com as realizadas por Moraes, cuja identidade estava oculta sob o codinome de “professora”.

O fato de grupo ter vigiado os passos de Moraes demonstra a intenção de perpetuar um golpe de Estado e prender o então ministro e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), conforme a corporação.

Segundo Kuntz, por Moraes ter sido supostamente monitorado por Câmara, o ministro do STF deveria se declarar impedido no caso.

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