Bolsonaro sabia que não houve fraude nas urnas, afirma ex-chefe da Aeronáutica

Carlos Almeida Baptista Jr., ex-comandante da Aeronáutica, afirmou que Bolsonaro foi avisado sobre a não existência de fraude nas urnas - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Carlos Almeida Baptista Jr., ex-comandante da Aeronáutica, afirmou que Bolsonaro foi avisado sobre a não existência de fraude nas urnas – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em depoimento ao STF (Supremo Tribunal Federal), o ex-comandante da Aeronáutica, Carlos Almeida Baptista Junior, afirmou que alertou o então presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a inexistência de qualquer indício de fraude nas urnas eletrônicas. A declaração foi dada nesta quarta-feira (21) e integra a ação penal que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado.

Segundo Baptista Junior, Bolsonaro foi informado em novembro de 2022 de que o relatório do IVL (Instituto Voto Legal), usado pelo PL para questionar o resultado das eleições, continha falhas graves. “Falei: presidente, esse relatório está muito mal escrito. Ele contém erros na identificação das urnas”, relatou o ex-comandante ao STF, confirmando o que já havia dito à Polícia Federal durante as investigações.

Fraude nas urnas não havia fundamento

Ainda de acordo com o depoimento, Bolsonaro colocou o presidente do IVL, Carlos Rocha, em uma ligação com Baptista Junior após o alerta. Na conversa, o militar reiterou que o relatório não apresentava fundamentos técnicos válidos e reafirmou que não havia fraude nas urnas.

O ex-comandante também relatou que, antes disso, havia orientado o então ministro da Defesa, Paulo Sergio Nogueira, a comunicar Bolsonaro para que seu assessor, coronel Marcelo Câmara, parasse de pressionar membros da Comissão de Fiscalização do Sistema Eletrônico de Votação. O grupo, que contava com integrantes das Forças Armadas, havia descartado teses sobre supostas irregularidades no processo eleitoral.

Bolsonaro colocou o presidente do IVL, Carlos Rocha, em uma ligação com Baptista Junior após o alerta de inexistência de fraude nas urnas – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Segundo Baptista Junior, a tentativa do assessor de discutir fraudes nas urnas diretamente com militares configurava quebra de cadeia de comando. Ele enfatizou que diversas teses elaboradas dentro do Palácio do Planalto sobre o sistema eleitoral já haviam sido desmentidas internamente pelas próprias Forças Armadas.

Carlos Almeida Baptista Junior foi convocado como testemunha tanto pela Procuradoria-Geral da República (PGR) quanto pelas defesas dos réus Jair Bolsonaro, Almir Garnier (ex-comandante da Marinha) e Paulo Sergio Oliveira (ex-ministro da Defesa).

*Com informações de Estadão Conteúdo

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