O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta 4ª feira (13.mar.2024) que grandes mineradoras que atuam no Brasil têm uma conduta irresponsável. Sem citar diretamente a Vale, mas numa clara referência à empresa, o ministro disse que o setor tem deixado de produzir riquezas no país.
“É irresponsável o que, infelizmente, temos por parte das grandes mineradoras no país. Infelizmente, os potenciais do Brasil não estão sendo bem utilizados. É inaceitável que algumas fiquem 50 anos com os direitos minerários sem explorá-los”, disse o ministro durante a inauguração do complexo de fertilizantes fostatados da multinacional EuroChem em Serra do Salitre (MG).
A declaração é mais uma crítica de integrantes do governo à gestão da Vale, maior mineradora brasileira. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta influir no processo de sucessão da empresa, emplacando um nome aliado para o comando no lugar de Eduardo Bartolomeo, que deixará o posto em dezembro.
“As empresas precisam seguir o exemplo da Eurochem hoje, produzindo efetivamente no Brasil. Gerando emprego e renda para a nossa gente. Mas o que estamos vendo é que muitas estão deixando essa riqueza parada, deixando de gerar milhares de empregos, que é o que interessa efetivamente para combater a desigualdade”, disse o ministro.
Silveira continuou: “Isso tudo acontece somente para algumas mineradoras que especulam fazerem reserva de mercado. Isso tem e vai acabar”. O governo Lula tem cobrado mais investimentos da Vale, inclusive em minerais considerados estratégicos para a transição energética.
Durante a inauguração, Silveira anunciou a instalação do CNPM (Conselho Nacional de Política Mineral). O grupo terá os mesmos moldes do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), tendo como objetivo assessorar a Presidência da República na construção de políticas para o setor.
INVESTIMENTO EM MINAS
A fábrica de fertilizantes da EuroChem em Minas Gerais é a 1ª nova unidade a entrar em operação desde o lançamento do Plano Nacional de Fertilizantes, em março de 2022, no governo Jair Bolsonaro (PL). O plano tem como objetivo central aumentar a produção brasileira de fertilizantes em 50% até 2050.
Atualmente, mais de 87% dos fertilizantes usados pela agricultura são importados. A meta é chegar até a metade do século com uma produção nacional capaz de atender de 45% a 50% da demanda interna, além de criar oportunidades e empregos para os brasileiros.
A EuroChem investiu US$ 1 bilhão no complexo, que inclui uma mina de fosfato, fábricas de insumos e unidade misturadora com capacidade de produção de 1 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados por ano. A planta foi erguida no município de Serra do Salitre, na região do Triângulo Mineiro, e será voltada 100% para o atendimento do mercado nacional.
A nova fábrica deve aumentar em 15% a produção nacional de fertilizantes fosfatados quando estiver totalmente em operação. Trata-se de um insumo químico fundamental para o crescimento das plantas, sendo um dos 3 principais tipos ao lado dos nitrogenados e potássicos.
O repórter Geraldo Campos Jr viajou para Serra do Salitre (MG) a convite da EuroChem.
