O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo-MG) disse temer que o Judiciário atue de forma parcial na apuração da PF (Polícia Federal) sobre suposta tentativa de golpe de Estado. A investigação mira o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados.
“Eu sou favorável a toda investigação. Eu sempre falo que quem não deve, não teme. Eu só temo que possa haver alguma parcialidade. Aí é que está a questão”, declarou Zema em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo publicada na 6ª feira (1º.mar.2024).
“A Justiça no Brasil, no meu entender, tem demonstrado que, muitas vezes, tem julgado de acordo com interesses políticos e não de acordo com a lei. E isso me parece que ficou bastante acentuado nesses últimos 14 meses”, completou.
A investigação da PF resultou na operação Tempus Veritatis, deflagrada em 8 de fevereiro, e mirou aliados do governo bolsonarista. O ex-presidente teve de entregar o passaporte para a PF. As ações foram autorizadas pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
Zema participou, em 25 de fevereiro, do ato na avenida Paulista, em São Paulo, convocado por Bolsonaro para que o ex-presidente pudesse “se defender” das acusações contra ele.
“Eu tinha diversos outros compromissos lá [em são Paulo], e eu julguei que seria altamente positivo estar junto com o presidente que levou grandes melhorias para Minas Gerais”, disse o governador mineiro. “Ele, nesse momento, precisa de um apoio que eu julgo que seria extremamente importante da minha parte. E o movimento comprovou isso, que ele tem apoio”, acrescentou.
Zema afirmou que o governo Bolsonaro trouxe melhorias para o Brasil e fez com que o país crescesse. Ele disse teme que a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) possa ter “o efeito oposto”.
Ele citou o que pode causar essa reversão: “Gastar mais do que arrecada. E, principalmente, tentar interferir em empresas que estavam funcionando adequadamente. É só olhar o resultado das empresas estatais durante a gestão Bolsonaro e agora que você já vê uma diferença brutal. E empresa estatal não é para distribuir favor para os amigos do rei. É para poder investir e proporcionar produtos e serviços adequados para a população”.
Apesar de ter “uma linha de atuação bastante diferente” da de Lula, Zema afirmou possuir “total respeito” pelo presidente. Segundo o governador, houve um “diálogo bom” durante a reunião dos 2 em Minas Gerais, no começo de fevereiro.
“Eu acredito num Estado eficiente, austero. E me parece que ele tem [outro] posicionamento. Mas foi um diálogo bom e ficamos de conversar novamente. Tanto é que já solicitei uma nova audiência para estarmos tratando principalmente sobre a questão da dívida de Minas e também do acordo de Mariana [sobre a reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão em 2015]”, declarou.