A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) declarou nesta 5ª feira (15.mai.2025) que “não sobreviveria na cadeia” e disse contar com o apoio de colegas congressistas para derrubar a ação penal contra ela. Zambelli foi condenada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a 10 anos de prisão e inelegibilidade pelo crime de falsidade ideológica e de invasão ao sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
A congressista afirmou que sofre com síndrome de Ehlers-Danlos, depressão e problemas cardíacos. “Ainda que seja injusta a decisão, eu sigo a lei. Se acontecer a prisão, vou me apresentar. Mas, hoje, não me vejo capaz de ser cuidada da forma que preciso [estando presa]. Estou pegando vários relatórios dos meus médicos e eles são unânimes em dizer que eu não sobreviveria na cadeia”, disse em entrevista a jornalistas.
Sobre a votação para suspensão da ação penal para que ela possa terminar o mandato, declarou que “não é interessante adiantar a estratégia”. O ministro do Supremo Alexandre de Moraes negou na 2ª feira (12.mai) o pedido para interromper o julgamento contra a congressista enquanto a Câmara analisa a solicitação do PL (Partido Liberal).
“Já tenho boa parte do apoio que eu preciso para fazer essa votação. Estamos aguardando o melhor momento e ainda temos tempo para fazer isso”, disse a deputada.
Zambelli também voltou a dizer que não invadiu o sistema do CNJ e nem forjou mandados de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. “É tão ridículo que, como disse a ministra Cármen Lúcia, seria burrice. Eu não colocaria o meu mandato em risco por causa de uma brincadeira sem graça”, afirmou.
Assista à entrevista completa (36min3s):
ENTENDA O CASO
A 1ª Turma do STF condenou por unanimidade Carla Zambelli. O ministro Luiz Fux foi o último a votar e acompanhou na 4ª feira (14.mai) o voto do relator, Moraes. O hacker da “Vaza Jato”, Walter Delgatti Neto, também foi condenado.
A PF (Polícia Federal) indiciou em fevereiro de 2024 a congressista e o hacker. O objetivo das invasões seria inserir falsos alvarás de soltura e mandados de prisão contra Alexandre de Moraes, forjando sua assinatura. Eis a íntegra do relatório (PDF – 38 MB).
A congressista, segundo a defesa do hacker, teria pagado ao todo R$ 40.000 para invasão de “qualquer sistema do Judiciário”. Zambelli nega ter encomendado ou pago pelas invasões.
Em petição enviada à PF em novembro de 2023, a defesa da deputada reforçou a acusação de mitomania (compulsão por mentir) de Walter Delgatti Neto. Eis a íntegra (PDF – 1 MB).
Em depoimento na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do 8 de Janeiro, que reuniu deputados e senadores, em agosto de 2023, o hacker reafirmou que o pedido de ataque ao site havia sido feito pela deputada. Ele também afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) havia prometido anistia caso cometesse algum ilícito.
Ariovaldo Moreira, advogado do hacker da “Vaza Jato”, afirmou também que Delgatti forneceu em depoimento à PF detalhes da sala onde esteve, no Ministério da Defesa, para auxiliar na produção de um relatório sobre fragilidades nas urnas eletrônicas.