A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu nesta 6ª feira (16.mai.2025) ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), o adiamento dos depoimentos no caso da tentativa de golpe de Estado depois das eleições de 2022. As oitivas das testemunhas estão marcadas para começar na 2ª feira (19.mai) e devem durar até o fim do mês.
Os advogados de Bolsonaro afirmam que a análise completa das provas é inviável no prazo atual e começar as audiências antes disso compromete o direito de defesa. Leia a íntegra do pedido enviado ao relator na Corte (PDF – 931 kB).
Segundo a defesa, a PF (Polícia Federal) enviou, em 14 e 15 de maio, 3 links com documentos que somam quase 40 terabytes de dados. O material foi enviado a pedido do ministro relator.
Argumenta que o volume de dados exige tempo para ser baixado e analisado. “Considerando uma velocidade de internet de 500 Mbps, só o download dos arquivos compactados demoraria quase 178 horas de trabalho ininterrupto”, afirma.
Os advogados de Bolsonaro mencionam ainda que, antes mesmo do recebimento da denúncia, já haviam solicitado acesso à integralidade das provas –e não apenas aos trechos selecionados pela PF e usados pelo MP (Ministério Público).
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ENTENDA
O pedido de adiamento ainda não foi analisado por Moraes. E não é a 1ª vez que a defesa de Bolsonaro tenta adiar os depoimentos.
Ao todo, 82 testemunhas devem ser ouvidas. Entre os nomes estão os ex-comandantes das Forças Armadas Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e Carlos de Almeida Baptista Júnior (Aeronáutica), além do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O caso julga a participação do “núcleo crucial”, que será ouvido inicialmente, e é apontado como responsável por articular a suposta tentativa de golpe.
Fazem parte deste núcleo:
- Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente da República;
- Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência);
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
- Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional);
- Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e
- Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice-presidente em 2022.
A ação penal contra o grupo foi iniciada e está na fase de instrução processual, quando são colhidos depoimentos das testemunhas indicadas pelas partes e apresentadas as provas. As oitivas vão até 2 de junho.