Em reunião ministerial com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 5 de julho de 2022, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres disse que a PF (Polícia Federal) havia criado um grupo de trabalho para questionar à lisura do processo eleitoral de 2022. Segundo ele, a corporação atuaria de maneira “incisiva” com as supostas incertezas das urnas eletrônicas.
“Nós montamos um grupo na Polícia Federal com uma equipe completa, com delegados, peritos e agentes, para acompanhar, realmente, o passo a passo das eleições, para fazer os questionamentos necessários que têm de ser feito, e não só as observações. A gente vai atuar de forma incisiva”, afirmou Torres, segundo as imagens obtidas pela PF.
A gravação da reunião foi encontrada em um computador apreendido pela corporação com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid. No relatório da PF, a investigação indica que o então ministro da Justiça estava “ressaltando a necessidade dos presentes em propagar as informações falsas quanto a fraudes e vulnerabilidades no sistema eletrônico de votação”.
Em um dos trechos, Torres afirmou aos ministros que todos iriam “se foder” caso não houvesse empenho aos questionamentos à lisura das eleições.
Assista (6min48s):
Depois, na reunião, Torres disse que “o outro lado joga muito pesado”, em referência ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O sigilo do vídeo em questão foi suspendido na 6ª feira (9.fev.2024) pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). O material sustentou a operação da PF deflagrada na 5ª feira (8.fev.2024) contra Bolsonaro, integrantes de seu governo e aliados.
A investigação afirma que o vídeo seria uma prova da organização de um golpe para manter Bolsonaro na Presidência. A defesa do ex-presidente nega as acusações.