O número total de candidatos evangélicos nas eleições municipais de 2024 caiu 18% na comparação com 2020 –mesma redução apresentada nos registros em geral. Neste ano, são 4.384 os postulantes que têm denominações religiosas em seus nomes de urna, segundo levantamento realizado pelo Poder360. Há 4 anos, haviam sido 5.341.
Das candidaturas atuais, 29 são prefeitos, 146 vice-prefeitos e 4.209, vereadores. Apesar da redução, o percentual de evangélicos em relação ao total de cadastros continua igual: 1% em ambos os pleitos.
O critério usado para o levantamento foi a presença dos seguintes termos no início do nome de urna: pastor, pastora, pastora, bispo, bispa, missionário, missionária e reverendo.
Os dados são do Portal de Dados Abertos do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), atualizados até 8h30 de 6ª feira (16.ago.2024). Ao todo, o pleito tem 454.689 candidatos registrados no processo.
O prazo final para registro de candidaturas foi na 5ª feira (15.ago), mas ainda podem acontecer atualizações nos dados relacionadas, por exemplo, a impugnações de candidatura e a candidatos que requerem o registro na Justiça.
CANDIDATOS POR PARTIDO
O Republicanos lidera no grupo de candidatos evangélicos, com 500 políticos apresentando uma denominação relacionada à religião na urna. O número representa um aumento de 16% em relação ao pleito municipal anterior.
O PL (Partido Liberal), do ex-presidente Jair Bolsonaro, aparece como o 2º no número de nomenclaturas evangélicas, com 452 nomes. O ex-chefe do Executivo tem amplo apoio de pastores e outros líderes religiosos. Tem o slogan “Deus, Pátria e Liberdade”.
Já o PT (Partido dos Trabalhadores), do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aparece em 18º nessa lista, com 82 candidaturas. O petista enfrenta forte resistência desse eleitorado e vem tentando uma reaproximação ao longo do seu 3º mandato. A legenda chegou a distribuir uma cartilha de recomendações sobre como se comunicar com os evangélicos.
Ao Poder360, a cientista política e professora da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) Helcimara Telles disse que candidaturas “cristãs” eram historicamente lançadas em partidos “confessionais” –aqueles com denominações religiosas no nome e que seguem preceitos bíblicos no seu regimento– em coligações com legendas de maior porte.
“Era uma relação de simbiose. Os partidos confessionais, de menor porte, aproveitavam os recursos para eleger candidaturas cristãs. Ao mesmo tempo em que partidos maiores aproveitavam o maior tempo de TV”, disse.
Segundo a pesquisadora, o fim das coligações proporcionais e a ampliação da cláusula de desempenho fizeram com que candidatos religiosos dos partidos confessionais migrassem para legendas maiores. Isso levou partidos menores a não conseguirem eleger um grande número de nomes em 2022.
A pesquisadora também afirma que o número de candidaturas cresceu ao longo do tempo à medida que o número de evangélicos na sociedade também cresceu. Em 2022, as candidaturas evangélicas aumentaram 26% em relação ao pleito de 2018.
As igrejas são cruciais para a politização do eleitorado. Segundo Telles, são os templos e seus líderes que fazem a mediação entre o eleitorado e o legislativo. As pautas “morais” devem continuar guiando o debate público polarizado.
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