Relatório da PF (Polícia Federal) divulgado nesta 2ª feira (29.jan.2024) indica que a corporação identificou uma mensagem em que uma assessora do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) pede “uma ajuda” da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) com inquéritos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus 3 filhos.
A conversa é entre Luciana Paula Garcia, que trabalhou com Carlos, e Priscilla Pereira, à época, assessora do então diretor da Abin, Alexandre Ramagem (PL-RJ).
Leia abaixo print de conversa entre Luciana e Priscila:
O relatório e o print constam na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que autorizou a operação deflagrada nesta 2ª feira (29.jan). Carlos Bolsonaro, Luciana, Priscilla e Giancarlo Rodrigues –também assessor de Ramagem– foram alvos da investigação. Eis a íntegra (PDF – 302 kB).
Segundo a PF, Luciana teria encaminhado para Priscilla um pedido de monitoramento da delegada da PF Isabela Muniz, responsável por duas investigações envolvendo Bolsonaro e seus filhos.
Os inquéritos solicitados não apresentaram “pertinência” com o ex-presidente e seus filhos, de acordo com a corporação. A investigação indica que havia apurações em andamento que também eram de interesse da família Bolsonaro, mas que não foram consultadas por falta dos números corretos dos processos.
A operação foi autorizada pela PGR (Procuradoria Geral da República), com exceção das buscas contra Priscilla. O órgão entendeu que a medida não é justificada no caso. Eis a íntegra do parecer da PGR (PDF – 216 kB).
Moraes, no entanto, afirma que as medidas são necessárias contra a assessora em razão de sua relação com Ramagem, indicado como “figura central” da investigação. De acordo com a PF, as “demandas” de Carlos Bolsonaro com o atual deputado não eram tratadas diretamente entre eles, só entre as assessoras.
ENTENDA A OPERAÇÃO
Carlos Bolsonaro foi alvo de operação da PF nesta 2ª feira (29.jan). Policiais federais cumpriram mandados de busca e apreensão na casa do vereador, em seu gabinete na Câmara Municipal do Rio de Janeiro e na casa de praia da família em Angra dos Reis (RJ).
A PF investiga se Carlos recebia informações ilegais da Abin. Ao todo, a corporação fez 9 buscas no Rio de Janeiro (5), Angra dos Reis (1), Brasília (1), Formosa (GO) (1) e Salvador (1).
Na semana passada, uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, que autorizou a operação, revelou relatório da PF que indica que a gestão do ex-diretor da Abin, o atual deputado federal Alexandre Ramagem, supostamente teria “instrumentalizado” a agência para fins políticos, monitorando jornalistas, ministros do Supremo e adversários políticos do governo Bolsonaro.
Relatório da PF indica que Carlos participou do “núcleo político” da organização criminosa supostamente formada por funcionários da Abin que monitorou autoridades sem autorização judicial.