A Vale anunciou nesta 5ª feira (23.mai.2024) que contratou o escritório Russell Reynolds, sediado nos Estados Unidos, para assessorar o seu Conselho de Administração na seleção do novo presidente da mineradora. A consultoria de padrão internacional conduzirá todo o processo de seleção. Eis a íntegra do comunicado (PDF – 72 kB).
Caberá aos consultores da Russell Reynolds analisar currículos, atributos e perfil necessários para o posto, considerando a estratégia e o futuro da companhia. A partir dessa análise será elaborada uma lista tríplice de candidatos à presidência da Vale, que será definida e divulgada até 30 de setembro deste ano.
O escritório indicará nomes que mais se encaixam para substituir o atual CEO, Eduardo Bartolomeo, mas a definição de quais estarão na lista tríplice caberá ao Conselho de Administração. A escolha final também será do colegiado, que deve apresentar o novo presidente até 3 de dezembro.
O mandato de Bartolomeo se encerraria em maio. Em março, o Conselho de Administração da mineradora estendeu parcialmente a gestão até 31 de dezembro deste ano. Assim, o novo presidente a ser eleito assumirá a companhia em 1º de janeiro de 2025.
O CEO fará a transição da gestão com o novo presidente da Vale até 28 de fevereiro. Depois do período, atuará como consultor da mineradora até o final de 2025.
COTADOS
O rol de cotados segue ganhando novos nomes. Walter Schalka, experiente executivo que está de saída do posto de CEO da Suzano, é um dos citados. Tem simpatia dos investidores privados e dos conselheiros independentes.
Pelo governo, é bem avaliado o nome de Paulo Cafarelli, ex-Banco do Brasil. Ainda aparece com chances o ex-presidente da Cosan, Luís Henrique Guimarães, que atualmente é um dos conselheiros da Vale.
O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deseja um nome de confiança para a mineradora. Com o discurso de que a Vale precisa atender aos anseios do governo e do país, o presidente, na prática, quer que a empresa siga o mesmo caminho da Petrobras na atual gestão do petista: amplie investimentos no Brasil para induzir o crescimento da economia e a abertura de empregos.
A visão de Lula sempre foi essa. O petista sempre se mostrou inconformado pela privatização da companhia no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). A diferença é que, em seus 2 primeiros mandatos, o atual presidente tinha mais meios de intervir na Vale em função da participação de estatais na composição acionária da mineradora, como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e fundos de pensão federais.
Só que o cenário agora é outro. A Vale passou por um 2º processo de privatização no governo de Jair Bolsonaro (PL). O então ministro da Economia, Paulo Guedes, reduziu a participação do governo nas ações da mineradora de 26,5% para 8,6%. A Vale, assim, se tornou uma corporation, ou seja, uma empresa de controle privado, com capital diluído no mercado.
Foi por isso que Lula saiu fracassado de sua 1ª investida sobre a Vale neste mandato, na qual tentou colocar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega no comando da mineradora. O governo operou para emplacar o aliado na empresa, mas acabou fazendo um recuo tático diante da resistência dos acionistas privados e a reação negativa do mercado.