O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou os últimos 10 dias para fazer eventos públicos com 4 governadores de oposição, que apoiaram o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022.
Até agora em 2024, visitou 6 Estados diferentes. Fechou seu giro dos últimos dias indo na 5ª feira (8.fev.2024) a Belo Horizonte, em Minas Gerais, pela 1ª vez desde que voltou ao Planalto. Está num intensivo para as eleições municipais –que serão em 240 dias.
Nos discursos dos 15 compromissos públicos até aqui, sempre prega união, mesmo que faça críticas frequentes a Bolsonaro e opositores.
Em 30 de janeiro, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que Lula orientou os integrantes do governo no início do mandato a dialogar com governadores e prefeitos, independentemente do partido ou visão política dos políticos.
Deu a declaração em cerimônia de assinatura de Contratos de Concessão de Rodovias do Paraná. O Estado é governado por Ratinho Jr. (PSD) –que fez oposição a Lula.
Dois dias depois, em 2 de fevereiro, Lula estava em Santos (SP) ao lado de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), governador de São Paulo. No ato, de lançamento do túnel submerso que conectará o Porto de Santos ao Guarujá, ambos trocaram afagos e a interação virou meme nas redes sociais.
Aliado e ex-ministro de Bolsonaro, o político riu de uma piada do petista e da fala de uma pessoa da plateia que disse para ele “voltar para o PT [Partido dos Trabalhadores]”.
Ele, que nunca foi filiado ao partido, atuou como funcionário público durante os governos de Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), de outubro de 2008 a agosto de 2011. Segundo o currículo do governador, ele foi analista de finanças e controle da CGU (Controladoria Geral da União), assessor e diretor do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte).
O presidente afirmou que, independente da filiação partidária, Tarcísio terá todo o apoio necessário para governar São Paulo.
Na semana seguinte, em 6 de fevereiro, Lula foi ao Rio de janeiro e dividiu palanque com Claudio Castro (PL), aliado de Bolsonaro. Lá, foram 5 eventos públicos na capital e na baixada fluminense.
Partiu de terras cariocas diretamente para sua 1ª visita a Minas Gerais, onde mostrou as ações do governo federal para o Estado em evento com o governador Romeu Zema (Novo).
Na oportunidade, Lula negou que os compromissos públicos que ele faz com governadores de oposição são uma estratégia para rachar a direita e os apoiadores do ex-presidente.
“Lula faz reunião com os governadores bolsonaristas porque o Lula quer dividir, eu não quero dividir nada. Eu não estou fazendo reunião com governador A ou B. Eu estou conversando com governador do Estado que foi eleito pelo mesmo povo que me elegeu, pela mesma urna que me elegeu”, afirmou.
O presidente afirmou querer construir uma relação “civilizada” com todos os governadores e prefeitos.
Críticas continuam
Mesmo com o movimento de aproximação dos governadores da oposição, Lula não diminuiu o ritmo ou o tom das críticas a Bolsonaro.
Em Minas, o presidente declarou que é “um dado concreto” que houve tentativa de golpe na gestão de seu antecessor e que o ex-presidente teria “participado da construção” do plano.
O petista falou sobre a operação deflagrada pela PF (Polícia Federal) contra seu antecessor e aliados por suposta tentativa de golpe de Estado e de invalidar as eleições que deram a vitória a Lula em outubro de 2022.
“O cidadão que estava no governo não estava preparado para ganhar, não estava preparado para sair, tanto que não teve nem coragem de me dar a faixa e foi embora para os Estados Unidos. Ele deve ter participado da construção desta tentativa de golpe”, disse Lula em entrevista à Rádio Itatiaia.
No campo dos adjetivos, o presidente disse que seu adversário político, é um “psicopata que vive da mentira, da maldade, e de ofender os outros”.
Cercado por ministros e aliados, Lula disse que Bolsonaro pensa que os que estavam ali com ele são ladrões, comunistas e defensores do aborto. “Como se ele e seus filhos fossem exemplo de família nesse país”, disse.
Olhar eleitoral
O presidente manterá o embate com o ex-presidente, seu principal adversário político, ao longo de 2024 com o objetivo de repetir a polarização das últimas eleições no pleito municipal.
Para manter a rivalidade acesa, o petista tem feito críticas e comparações em discursos públicos.
Lula mantém o discurso de que recebeu um país devastado por uma “praga” e que assumir o governo em 2023 “foi como chegar em um roçado tomado por carrapicho”. Também fez comentários diretos sobre Bolsonaro quando o chamou de “psicopata”. E classificou a privatização da Eletrobras, realizada no governo anterior, como um “escárnio”, um “desmonte do Estado”.
O epicentro da estratégia será a corrida pela Prefeitura de São Paulo.
Em entrevista à rádio Metrópole, da Bahia, em 23 de janeiro, o petista disse que a disputa pela capital paulista será uma “confrontação direta” entre os 2.
“Na capital de São Paulo é uma coisa muito especial. Uma confrontação direta entre o ex-presidente e o atual presidente, é entre mim e a figura”, disse, sem citar o nome de Bolsonaro.
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