A PF (Polícia Federal) indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 16 pessoas por supostas fraudes em cartões de vacina contra a covid. Além de Bolsonaro, há ex-assessores e seus respectivos familiares que teriam participado do esquema. Se condenado, Bolsonaro pode pegar pena de até 15 anos de prisão.
Leia a lista de indiciados:
- Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente da República – é indicado pela PF como o mandante das fraudes no sistema do Ministério da Saúde. Indiciado por inserção de dados falsos em sistema oficial e por associação criminosa;
- Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro – indiciado por associação criminosa, falsidade ideológica de documento público, inserção de dados falsos em sistema de informações;
- Gabriela Santiago Ribeiro Cid, mulher de Mauro Cid – indiciada por falsidade ideológica de documento público, uso de documento ideologicamente falso;
- Gutemberg Reis de Oliveira, deputado federal pelo Rio de Janeiro (MDB) – indiciado por associação criminosa, inserção de dados falsos em sistema de informações;
- Luis Marcos dos Reis, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro – indiciado por inserção de dados falsos em sistema de informações;
- Farley Vinicius Alcântara, médico – indiciado por falsidade ideológica de documento público. Teria usado dados de vacinação de uma enfermeira para fraudar o cartão de vacina de Gabriela Cid;
- Eduardo Crespo Alves, segundo-sargento do Exército – inserção de dados falsos em sistema de informações. Teria sido procurado por Cid em novembro de 2021 para auxiliar a inserir dados no sistema ConecteSUS;
- Paulo Sérgio da Costa Ferreira – indiciado por inserção de dados falsos em sistema de informações;
- Ailton Gonçalves Barros – indiciado por associação criminosa, inserção de dados falsos em sistema de informações, falsidade ideológica em documento público. Aliado de Bolsonaro, também é investigado por participar de suposto plano de golpe de Estado investigado pela PF.
- Marcelo Fernandes Holanda – indiciado por inserção de dados falsos em sistema de informações;
- Camila Paulino Alves Soares – indiciado por inserção de dados falsos em sistema de informações;
- João Carlos de Sousa Brecha – indiciado por associação criminosa, inserção de dados falsos em sistema de informações;
- Marcelo Costa Câmara – indiciado por inserção de dados falsos em sistema de informações;
- Max Guilherme Machado de Moura – indiciado por associação criminosa, inserção de dados falsos em sistema de informações, uso de documento falso;
- Sérgio Rocha Cordeiro – indiciado por associação criminosa, inserção de dados falsos em sistema de informações, uso de documento falso. Ocupa função comissionada;
- Cláudia Helena Acosta Rodrigues – indiciado por associação criminosa, inserção de dados falsos em sistema de informações; e
- Célia Serrano da Silva – indiciado por inserção de dados falsos em sistema de informações e por associação criminosa.
BOLSONARO DISSE NÃO SABER DE FRAUDE
Em depoimento à Polícia Federal em maio de 2023, Bolsonaro disse não acreditar que Mauro Cid tenha fraudado seu cartão de vacina e o de sua filha, Laura Bolsonaro, à época com 12 anos. O ex-presidente já afirmou publicamente que não a vacinaria contra a covid.
Na ocasião, Bolsonaro também disse não saber o motivo para a adulteração, já que o certificado não era exigido em viagens internacionais.
Agora, caberá à Procuradoria Geral da República, órgão máximo do Ministério Público, avaliar as provas colhidas e decidir se oferece denúncia à Justiça. Se entender que não há elementos para uma denúncia, o caso pode ser arquivado.
ENTENDA O CASO
Em 3 de maio de 2023, a PF deflagrou a operação Venire, que verificou registros falsos em plataformas do SUS (Sistema Único de Saúde) e adulterações em cartões de vacinação. A ação foi embasada na quebra de sigilo dos aparelhos de comunicação de Cid, realizada no ano anterior, em um inquérito sobre urnas eletrônicas.
Segundo a PF, em 21 de dezembro de 2022, o então secretário de governo da Prefeitura de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Souza Brecha, inseriu no sistema do SUS que o ex-presidente tinha tomado vacinas contra a covid. Um dia depois, um usuário cadastrado com o e-mail “[email protected]”, usado por Cid na época, acessou o aplicativo ConecteSUS e emitiu certificados de vacinação.
Em 27 de dezembro, outro comprovante foi emitido e, em seguida, os dados foram excluídos do sistema de saúde. No dia 30, data em que Bolsonaro embarcou para os Estados Unidos, um novo comprovante foi emitido. Quinze dias antes do retorno do ex-presidente ao Brasil, em 29 de abril, um 4º comprovante foi emitido.
Mauro Cid foi preso na operação. O tenente-coronel foi indicado pela PF como o responsável pelo esquema.
Bolsonaro também foi alvo. Os agentes realizaram buscas e apreensões na casa do ex-presidente no Jardim Botânico, em Brasília. Ele estava na residência no momento das buscas e teve o celular apreendido.
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