Em conversas com amigas e familiares por aplicativo de mensagens, que foram apreendidas pela Polícia Federal, a esposa do tenente-coronel Mauro Cid difundiu informações falsas sobre vacinas contra covid-19 e relacionou o uso de máscaras ao voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022.
“Estou tão impressionada c tudo isso q acredito q esses q estão de máscara são os q votaram no PT”, disse Gabriela Cid, casada com o ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a uma amiga em 12 de novembro de 2022 — menos de duas semanas depois da vitória de Lula no segundo turno das eleições.
Uma interlocutora sua, identificada pela PF “possivelmente” como Monique Cid Dalla Lana Bohrer, avisa Gabriela que passou em um shopping center para almoçar e se impressionou com “famílias inteiras” usando máscaras.
A esposa de Cid responde que impedirá sua filha de usar a proteção facial nas aulas de balé. Ela diz, então, que os usuários de máscaras “já querem propagar medo” e isso “faz parte do plano” — sem indicar do que exatamente se trata. “Mais um motivo para lutarmos até o final”, escreve Gabriela.
As conversas foram obtidas legalmente e fazem parte do relatório da PF que conclui com o indiciamento de Cid e de Gabriela, além de Bolsonaro, por associação criminosa e falsificação nos cartões de vacina.
Em mensagens trocadas com uma pessoa identificada pela PF como Ticiana Villas Bôas, filha do general da reserva Eduardo Villas Bôas, a esposa de Cid espalha um vídeo sobre “mortes súbitas” em pessoas vacinadas contra covid. O vídeo, segundo Gabriela, mostra coágulos sendo retirados em autópsias.
“Aqui ninguém rela nos meus filhos… nem em mim”, responde a filha do ex-comandante do Exército. “Isso aí”, assente Gabriela.
“Tem muita gente que acredita em tudo. Não enxerga que quem está no poder quer dinheiro e não pensa na população. Por isso o presidente [Bolsonaro] brigou tanto!”, acrescenta.
No âmbito das investigações, a PF também apreendeu um bloco de anotações de Gabriela Cid em que ela faz um “check list”, com sinal de verificação ou não, em tarefas pré-viagem aos Estados Unidos em dezembro de 2021.
O registro falso de vacinação inserido no sistema do Ministério da Saúde foi feito justamente para viabilizar a entrada dela em território americano.
Na lista de tarefas, havia cinco pendências: cartão de vacinação, cílios, mega hair, manutenção das unhas e botox. O cartão de vacinação estava com sinal de visto.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Fake news sobre vacina, coágulos achados em autópsias, máscaras petistas no shopping: a cruzada anticovid da esposa de Mauro Cid no site CNN Brasil.