O depoimento do ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, à PF (Polícia Federal) entrou em contradição com o depoimento do general Estevam Theophilo, ex-chefe do Coter (Comando de Operações Terrestres).
Os documentos foram divulgados nesta 6ª feira (15.mar.2024) depois de determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), para quebrar o sigilo dos depoimentos sobre o suposto plano de golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro (PL) na Presidência.
À PF, o general Estevam Theophilo disse ter ido 3 vezes ao Palácio da Alvorada –residência oficial do presidente da República– depois do 2º turno das eleições de 2022. Segundo ele, as 3 vezes em que compareceu no Alvorada foi a pedido de Freire Gomes, então comandante do Exército. Eis a íntegra do depoimento de Theophilo (PDF – 548 kB).
O ex-chefer do Coter afirmou ainda que foi acompanhado de Freire Gomes em duas ocasiões.
A única vez que teria ido sozinho, em 9 de dezembro de 2022, seria também por ordem do então comandante. Na ocasião, Theophilo teria se encontrado a sós com Bolsonaro. De acordo com ele, o encontro foi para “ouvir lamentações” do então chefe do Executivo sobre o resultado das eleições.
No entanto, o depoimento de Freire Gomes não bate com a versão de Theophilo. Ao ser questionado sobre a ida do general ao Palácio da Alvorada, o ex-comandante disse ter tomado conhecimento do encontro de Theophilo e Bolsonaro em 9 de dezembro por meio de áudio encaminhado pelo tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens do ex-presidente.
Freire Gomes afirmou que o áudio enviado por Cid dizia que a presença de Theophilo havia sido solicitada pelo próprio Bolsonaro. O ex-comandante disse que não partiu dele a ordem para que o general fosse até o Palácio da Alvorada. Eis a íntegra do depoimento de Freire Gomes (PDF – 9 MB).
OPERAÇÃO TEMPUS VERITATIS
A PF deflagrou em 8 de fevereiro de 2024 a operação Tempus Veritatis (do latim, “Tempo da Verdade”) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados por uma suposta tentativa de golpe de Estado para mantê-lo na Presidência da República.
Além de Bolsonaro, também foram alvos da operação o presidente do PL (Partido Liberal), Valdemar Costa Neto, ex-ministros do governo Bolsonaro e representantes das Forças Armadas.
Relatório da PF encaminhado ao STF afirma que Bolsonaro recebeu uma suposta minuta pedindo a prisão dos ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A minuta teria sido o objeto das reuniões convocadas por Bolsonaro no Palácio da Alvorada com integrantes do seu governo e militares da ativa.