O ex-secretário-adjunto de Operações Integradas do Ministério da Justiça, Braulio do Carmo Vieira, disse nesta 3ª feira (27.mai.2025) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) convocou o seu ministro da Justiça Anderson Torres para participar de uma live em que questionou as urnas eletrônicas, em julho de 2021.
Em depoimento ao STF (Supremo Tribunal Federal) como testemunha de Torres na ação por tentativa de golpe, Vieira afirmou que o ex-ministro “ficou desconfortável pelo desconhecimento técnico do tema” e pediu que assessores elaborassem um documento para a transmissão.
Segundo Vieira, o documento foi elaborado por peritos criminais da PF (Polícia Federal) e lido por Torres durante a live. Na ocasião, Bolsonaro falou em “indícios fortíssimos ainda em fase de aprofundamento que nos levam a crer que temos que mudar esse processo eleitoral”.
Durante o depoimento, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, perguntou se Braulio conhecia o teor do documento. O ex-secretário-adjunto negou que leu o material e disse que só tomou conhecimento de seu conteúdo depois que Anderson Torres o leu durante a live.
“Houve essa ausência de capacidade técnica do Anderson, e os assessores passaram esse documento. Eu lembro da live, mas não li com profundidade. Não li o documento. Só vi na live”, disse o delegado.
Segundo a denúncia da PGR, Torres teria contribuído para a “propagação de notícias inidôneas sobre o sistema eletrônico de votação, ao discorrer sobre possíveis recomendações sugeridas por peritos da Polícia Federal quanto ao processo de contabilização de votos” em live realizada em 29 de julho de 2021.
Em depoimento à PF no mesmo ano, o ex-ministro teria admitido que mentiu na transmissão e reconheceu que “não foi possível depreender do material que teve acesso a existência de fraude ou manipulação de voto”. Evidenciou-se a intenção dos denunciados. De acordo com o órgão do Ministério Público, a atitude confirma a intenção dele de “propagar informações sem lastro, inverídicas, sobre o sistema eleitoral”.
DEPOIMENTOS
A 1ª Turma do STF começou a ouvir em 19 de maio os depoimentos das testemunhas indicadas pelo núcleo crucial da tentativa de golpe. Segundo a PGR, o grupo teria sido o responsável por liderar a organização criminosa.
Depuseram nesta 3ª feira (27.mai) as testemunhas de Anderson Torres:
- Braulio do Carmo Vieira
- Luiz Flávio Zampronha
- Djairlon Henrique Moura
- Caio Rodrigo Pelim
- Saulo Moura da Cunha
Os depoimentos das testemunhas de Torres continuarão durante a tarde. As oitivas devem ser finalizadas até 2 de junho. Nesta semana, também falarão as testemunhas indicadas por Jair Bolsonaro, pelo ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e pelo general Walter Braga Netto.
