O presidente da Frente Parlamentar Evangélica na Câmara dos Deputados, Gilberto Nascimento (PSD-SP), disse que a bancada quer ir além da pauta de costumes no Congresso Nacional.
“Não temos só a preocupação com a pauta ideológica. Nós somos um grupo e temos a expectativa de darmos sugestões para o Brasil através da Frente Parlamentar Evangélica. Queremos levar sugestões ao Congresso sobre economia. Temos muita gente boa na nossa bancada, no nosso grupo, na nossa frente que fala sobre economia”, disse em entrevista ao Poder360.
O deputado criticou as taxas de juros brasileiras e defendeu que a bancada tenha “influência” para mudar isso. “No Brasil, nós pagamos quase R$ 2,5 bilhões de juros todos os dias. Não temos hoje o porquê viver em um país em que nós temos uma relação dívida/PIB que está passando de 80%”, declarou.
Nascimento afirmou que quer “aproveitar” a experiência dos deputados e senadores que integram a bancada para “contribuir” em discussões como a da previdência social. “Não queremos ficar distantes de nenhuma das pautas que possamos ter influência no Congresso Nacional. Esse também vai ser o papel da Frente Parlamentar Evangélica”, disse.
Isso não significa que a bancada irá ignorar as questões consideradas “ideológicas”. Nascimento citou, entre elas, as drogas, o aborto e a chamada “ideologia de gênero”.
“Nós somos contra, por exemplo, a liberação das drogas por entender que não tem sentido a nossa juventude estar tão perdida. Tem alguns grupos tentando fazer a liberação das drogas. E nós vimos que onde tentaram isso não deu certo”, disse ao Poder Entrevista.
Assista (5min20s):
Nascimento foi eleito presidente da Frente Parlamentar Evangélica em 25 de fevereiro de 2025, em uma disputa inédita com o deputado Otoni de Paula (MDB-RJ).
Ele teve o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que chegou a ligar para deputados aliados orientando a votar em Nascimento. O placar foi 117 a 61. Ele ficará no cargo pelos próximos 2 anos.
Otoni foi apoiado pelo ex-presidente da frente, Silas Câmara (Republicanos-AM), mas sofreu resistência dos deputados da ala bolsonarista por ter elogiado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em outubro de 2024.
Naquele mesmo mês, o congressista havia afirmado ser crítico ao petista. No entanto, durante a cerimônia de sanção do Dia da Música Gospel, declarou que Deus usou Lula para “abençoar o povo de Deus”. A aliados, entretanto, Otoni nega qualquer preferência partidária e usou como slogan de campanha a frase “Nossa ideologia é Cristo”.
PERFIL DA BANCADA EVANGÉLICA
A bancada evangélica é uma das mais poderosas do Congresso, com 244 integrantes. Embora reúna congressistas de partidos como PT e PL, é majoritariamente conservadora.
A Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional atualmente tem 219 deputados federais e 25 senadores. Composta por 15 partidos, só 27 congressistas podem ser contabilizados como aliados ao governo de Lula.