O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) considera que entra na disputa pela presidência da Frente Parlamentar Evangélica “como time que está perdendo”. Ele concorre com Gilberto Nascimento (PSD-SP), apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e com Greyce Elias (Avante-MG), que corre por fora.
A eleição será realizada na tarde desta 3ª feira (25.fev.2025), na Câmara dos Deputados, a partir das 16h30.
Bolsonaro teria dito à bancada do PL na Câmara que quem votar em Otoni será considerado “traidor”. O Poder360 apurou que o líder do partido na Casa, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), levantou uma lista dos integrantes da frente.
“Bolsonaro me elege como adversário, apesar de eu não ser, de eu não me considerar. Nunca falei mal dele, eu sempre fiz as críticas, críticas essas que são inadmissíveis para o bolsonarismo, porque no bolsonarismo, Bolsonaro é realmente o messias, né? E eu já tenho outro messias”, disse ao Poder360.
Otoni afirmou que “tirou um peso das costas”. “Eu entro em campo como se eu fosse aquele time que já entrou perdendo. Se eu perder, eu perdi para Bolsonaro. Porque ele entrou em campo. Agora, se eu ganhar, eu sou um fenômeno”, declarou.
O deputado acrescentou que, caso ganhe, será “o segundo fenômeno”, porque “Lula é o primeiro”. Apesar da declaração, o congressista não se considera apoiador do petista. “Vai na minha rede social, vê quem é que eu defendo, se não é Bolsonaro, vê se eu defendo o Lula lá”, disse.
Otoni sofre resistência da ala bolsonarista da bancada, apesar de ter o apoio do atual presidente da frente, Silas Câmara (Republicanos-AM), por ter elogiado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2024.
Em outubro, o congressista afirmou ser crítico ao petista. No entanto, durante a cerimônia de sanção do Dia da Música Gospel, declarou que Deus usou Lula para “abençoar o povo de Deus”.
A ala mais ligada a Bolsonaro vê a eleição de Otoni como uma aproximação da bancada com o governo Lula, o que eles querem evitar.
Otoni diz que a resistência de Bolsonaro ao seu nome tem a ver com a eleição municipal do Rio de Janeiro em 2024. Na época, o deputado se desfiliou do PL para concorrer a prefeito pelo MDB, porque, segundo ele, não teria apoio do ex-presidente.
“Quando eu fui para o MDB, eles, a família Bolsonaro, implodiu a minha candidatura lá, impediu a minha candidatura, achando que eu ia ficar ali subserviente. Eu não sei se é o trauma da senzala, mas eu não tolero mais ser acochado. E aí, fui apoiar o Eduardo Paes”, afirmou.
CONSENSO
Parte da frente ainda defende consenso na eleição do novo presidente. Integrantes lamentaram ao Poder360 que a escolha tenha se transformado em uma “disputa política”.
A avaliação é de que a frente é uma bancada ideológica e não partidária e, por isso, deveria caminhar pelo consenso como nos anos anteriores. Nunca houve eleição para a presidência da bancada. Os nomes são apresentados e um deles geralmente é escolhido por “aclamação”.
Em 2022, houve uma reunião com integrantes da bancada para definir o próximo presidente, que teria mandato de 2 anos. No entanto, não houve consenso quanto à escolha, o que levou a um acordo: de 2023 a 2024, os deputados Eli Borges (PL-TO) Silas Câmara revezaram na presidência a cada semestre.