Moro “revelou incompetência” na Lava Jato, diz Gilmar Mendes

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes disse nesta 5ª feira (12.dez.2024) que a atuação “política” do ex juiz federal e atual senador Sergio Moro (União-PR) na condução da operação Lava Jato para, posteriormente, aceitar ser ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (PL), revelou a sua incompetência

“Nós vimos também que Curitiba [13ª Vara Federal de Curitiba] era uma atividade política. Tanto é que Moro já é chamado entre o 1º e 2º turno [das eleições] para ser ministro da justiça de Bolsonaro. E foi até algo positivo porque ali se revelou o tamanho de sua incompetência”, disse em entrevista à Carta Capital.

O decano da Corte afirmou ser “constrangedor” e uma “vergonha” para todos, principalmente para as pessoas que se declararam “lava jatistas”, ter deixado a operação nas mãos de pessoas “microcéfalas” e com “cérebro de minhoca”

“Acho que é um fato constrangedor pra tanta gente que se declarou lava jatista, que, a despeito da ousadia que essa gente tenha, eles tinham cérebro de minhoca, e era realmente certa vergonha que deixamos que esses microcéfalos nos dirigissem por tanto tempo”, afirmou.

Gilmar também disse que a imprensa “valorou” muito o trabalho da 13ª Vara Federal de Curitiba e, ao mesmo tempo, foi muito crítica ao Supremo quando passou a intervir. Outro fato que teria incentivado que a operação durasse tanto tempo naqueles moldes teria sido a eleição de Bolsonaro que, “embora um profissional da política, incorporou a ideia do “não político”, segundo o ministro.

A operação teve início há uma década, em março de 2014, e durou até fevereiro de 2021. Foi encerrada pelo MPF (Ministério Público Federal) sob a chefia do então procurador-geral da República Augusto Aras.

“Acho que nós conseguimos felizmente a tempo perceber que aquele caminho ia dar e tinha dado já em lugares errados. (…) Eu tenho um bom sentimento em relação a isso, porque fui talvez a 1ª voz a dizer “não é por aí, devemos reagir a isso”, declarou. 

Disse que o fato o concedeu uma “fama injusta” de “profeta” nos corredores do Tribunal. Acrescentou também ser mérito do Supremo Tribunal Federal ter feito a “correção adequada”.

“A gente adivinha que fazendo coisas erradas, a gente não vai ter resultado certo. Era perceptível que isso iria ocorrer como ocorreu. Infelizmente durou tanto e custou tanto à integridade das empresas e até a própria economia brasileira se ressente disso. Com a Vaza Jato, a Operação Spoofing, a gente descobriu e chancelou aquilo que eu já havia denunciado, sobre os abusos entre promotores e juízes”, disse.

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