A Polícia Federal (PF) ouviu por pouco mais de uma hora na tarde desta quinta-feira (12) três investigados no inquérito que apura tentativa de golpe de Estado.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto; o ex-assessor de Jair Bolsonaro (PL), coronel Marcelo Câmara; além do juiz federal Sandro Nunes Vieira foram interrogados sobre a confecção de um documento que questionava a integridade de parte das urnas do segundo turno das eleições de 2022.
Os novos depoimentos foram determinados por Alexandre de Moraes após sugestão da Procuradoria-Geral da República (PGR).
A PGR quer entender melhor os indícios apontados pela PF de que o juiz ajudou na confecção do documento e pediu as oitivas para aprofundar as investigações.
De acordo com Eduardo Kuntz, advogado de Marcelo Câmara, o militar respondeu a todas as perguntas com “tranquilidade” e “esclareceu” os questionamentos.
A defesa de Costa Neto também afirmou que o presidente do PL colaborou com as investigações. Já o advogado do juiz Sandro Nunes Vieira disse que não comenta a ação fora dos autos.
Novos depoimentos
Segundo o relatório da PF, a participação do juiz na confecção do documento foi identificada a partir de dados recuperados nos telefones celulares do ex-ajudante de ordens Mauro César Barbosa Cid e de Marcelo Câmara.
Ambos ligaram o magistrado a elaboração do relatório produzido pelo Instituto Voto Legal (IVL), que colocava dúvida sobre a segurança de parte das urnas eletrônicas utilizadas no segundo turno das eleições de 2022.
A CNN teve acesso à decisão sigilosa de Moraes para a determinação para os novos depoimentos desta quinta-feira (12), que veio do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, ao acatar uma sugestão da Procuradoria-Geral da República (PGR).
De acordo com o ministro do STF, “o relatório final da investigação, juntado aos autos principais na data de 26/11/2024, demonstrou que o Juiz Federal SANDRO NUNES VIEIRA, auxiliou o grupo investigado nas práticas criminosas contra o Estado Democrático de Direito”. Moraes cita um trecho do relatório dos investigadores sobre a troca de mensagens entre Cid e Câmara em que falam do juiz.
O relatório e a decisão de Moraes citam ainda uma entrevista de Valdemar ao portal Poder360 em que ele cita o nome do magistrado. Questionado se não existia vistoria antes das eleições, Valdemar disse à reportagem: “(…) Porque eu conversei com um ex-diretor do TSE, que é um juiz de Direito, o Sandro, e ele me falou, ele tava lá até o… até seis meses atrás… e ele me disse, é um homem honesto tá ajudando a gente…”.
Ainda de acordo com a petição de Moraes, a PF aponta que Câmara adicionou o telefone do juiz em maio de 2022 e “que os elementos probatórios demonstram que o próprio juiz SANDRO NUNES VIEIRA escreveu a mensagem sobre o cuidado para que VALDEMAR COSTA NETO não citasse o seu nome”.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Valdemar, juiz e ex-assessor de Bolsonaro prestam depoimento por mais de uma hora à PF no site CNN Brasil.