O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou nesta 6ª feira (6.dez.2024) que a 65ª Cúpula do Mercosul tem um significado “especial” pela conclusão das negociações do acordo comercial entre o bloco com a União Europeia, discutido há 30 anos. As conversas foram interrompidas em 2019 por causa da pandemia da covid-19.
Para o chefe do Executivo, as condições do texto discutido durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) eram inaceitáveis. “O acordo que finalizamos hoje é bem diferente daquele anunciado em 2019. As condições que herdamos eram inaceitáveis. Foi preciso incorporar ao acordo temas de alta relevância para o Mercosul”, declarou.
“Após 2 anos de intensas tratativas, temos hoje um texto moderno e equilibrado, que reconhece as credenciais ambientais do Mercosul e reforça nosso compromisso com os Acordos de Paris”, afirmou.
O chefe do Executivo afirma que esta será uma das maiores áreas de livre comércio do mundo, reunindo mais de 700 milhões de pessoas, com um PIB (Produto Interno Bruto) de U$ 22 trilhões.
A presidente do governo da UE (União Europeia), Ursula von der Leyen, anunciou nesta 6ª feira (6.dez) a conclusão das negociações do acordo comercial entre o bloco e o Mercosul.
Apesar do fim das discussões, o acordo não entrará em vigor imediatamente. Ainda é necessário acertar detalhes jurídicos para que se chegue ao texto final que será assinado. Isso não deve ficar pronto antes do início de 2025.
Depois da assinatura, o texto passará pelo Conselho Europeu e pelo Parlamento Europeu.
Em seu discurso na cúpula, o presidente Lula aproveitou para defender a carne brasileira, alvo de boicote pelo Carrefour da França (entenda o impasse mais abaixo).
“Nossa pujança agrícola e pecuária nos torna garantes da segurança alimentar de vários países do mundo, atendendo a rigorosos padrões sanitários e ambientais. Não aceitaremos que tentem difamar a reconhecida qualidade e segurança de nossos produtos”, disse.
IMPASSE COM O CARREFOUR
O presidente da França, Emmanuel Macron (Renascimento, centro), foi contra o acordo Mercosul-UE. Era pressionado por agricultores franceses que temiam que a abertura do mercado prejudique os produtos locais.
Em 21 de novembro, o Carrefour da França disse que não compraria mais carne produzida em países do Mercosul. O CEO da empresa no país, Alexandre Bompard, declarou que os produtos sul-americanos não atendem às exigências e às normas francesas.
A declaração criou um mal-estar com a diplomacia brasileira. Em nota conjunta, os ministérios da Agricultura e Pecuária e o das Relações Exteriores disseram que o governo se manterá “vigilante” na defesa da imagem do país.
Bompard escreveu uma carta com uma retratação formal pelas críticas feitas à carne brasileira. O documento foi entregue pelo embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, e ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Eis a íntegra do texto (PDF – 70 kB).