O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usou seu perfil no X (ex-Twitter) na noite de 4ª feira (4.dez. 2024) para criticar a exclusão que o jornal Folha de S. Paulo disse ter sofrido ao não ser convidado para um café da manhã com jornalistas na sede da PF (Polícia Federal), em Brasília. Conversa, junto ao Diretor-Geral, Andrei Rodrigues, tratou do inquérito que investiga um plano de golpe em 2022. (entenda abaixo).
Na rede social, Bolsonaro afirmou que, mesmo “injustamente chamado de fascista e acusado de autoritário”, sempre foi um defensor da liberdade de imprensa e nunca impediu o trabalho de qualquer veículo de comunicação.
“Hoje, no governo do ‘amor’ e da ‘democracia’, a Folha é proibida de participar de coletivas, pessoas são presas por opiniões, deputados são indiciados por suas falas, e o escrutínio da imprensa é evitado a todo custo. Enquanto isso, os supostos defensores das instituições fingem não ver o que está acontecendo”, afirmou.
O ex-presidente falou ainda em um “ataque sistemático” aos pilares da democracia, como à liberdade de expressão, de imprensa, à imunidade parlamentar, à soberania popular e aos direitos dos religiosos.
“E isso tudo enquanto promovem um teatro e fingem defender a democracia contra ameaças que nunca existiram. Talvez os signatários da carta pela democracia não estejam prestando atenção, mas nós estamos e o resto dos brasileiros também. Não podemos continuar assistindo a tudo isso com indiferença. Esse tipo de coisa não é normal e não é aceitável. Se deixarmos nossas liberdades serem destruídas agora, nos arrependeremos amargamente no futuro”, declarou.
AÇÃO DO NOVO
O partido Novo apresentou uma notícia-crime e notícia de improbidade administrativa à Procuradoria da República do DF (Distrito Federal) nesta 5ª feira (5.dez.2024) contra o Diretor-Geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, pela suposta exclusão injustificada do jornal Folha de S. Paulo da coletiva. Eis a íntegra (PDF – 210 KB).
O Novo defende que a exclusão afronta o princípio da impessoalidade e pode configurar ato de improbidade administrativa e crime de prevaricação. Também fala que o veto pode ter sido motivado por uma “retaliação” ao veículo, uma vez que, segundo o partido, o jornal teria publicado dias antes uma reportagem em que criticava o relatório da PF relacionado aos supostos planos de Golpe.
“A exclusão injustificada de um dos principais veículos de imprensa do país em uma entrevista coletiva de interesse público pode configurar uma grave violação ao dever de tratamento isonômico e imparcialidade por parte da Administração Pública”, disse a advogada do partido, Carolina Sponza.
O partido requer uma investigação da conduta do Diretor-Geral da PF, considerando possíveis violações cíveis e criminais, uma apuração administrativa interna para esclarecer os critérios da suposta exclusão, além de exigir explicações da corporação e do Ministério da Justiça.
ENTENDA
Durante o encontro na 4ª feira (4.dez), o Diretor-Geral da PF, Andrei Rodrigues, respondeu a perguntas de cerca de 30 jornalistas sobre o inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022, além de planos de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, o jornal “foi o único dos principais veículos de comunicação do país a não ser convidado”. Disse ter questionado o diretor da PF pessoalmente sobre a exclusão, mas não obteve explicações.
Ao Poder360, a assessoria da corporação disse que a escolha dos jornais participantes da coletiva foi feita pela direção geral da PF e pelo setor de comunicação social, pensando nos jornalistas que a assessoria mais detém contato no dia a dia. Este jornal digital foi convidado e participou do evento.
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Nesta 5ª feira (5.dez), o ex-presidente também criticou no X uma das falas de Andrei na coletiva, sobre não existir, na sua visão, imunidade absoluta a congressistas.
O Diretor-Geral rebateu a críticas do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), quanto ao indiciamento contra os deputados Marcel Van Hattem (Novo-RS) e Cabo Gilberto Silva (PL-PB) por discursos no plenário.
“Era só o que faltava: o Diretor-Geral da Polícia Federal agora acha que pode “rebater” e ensinar ao Presidente da Câmara dos Deputados o que é imunidade parlamentar, o que é liberdade de expressão e o que os deputados podem ou não falar na tribuna. Um subordinado do Executivo está desrespeitando o presidente da Câmara, ignorando a separação de poderes, se intrometendo em questões internas ao Legislativo e afrontando diretamente um dos direitos mais sagrados da democracia: a palavra livre dos representantes do povo. Minha solidariedade ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e aos deputados Eduardo Bolsonaro, Marcel Van Hattem e Cabo Gilberto”, declarou.
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