Durante uma reunião da alta cúpula do governo em julho de 2022, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) fez menção a “entrar em campo” usando o Exército.
“Hoje me reuni com o pessoal do WhatsApp, e outras também mídias do Brasil. Conversei com eles. Tem acordo ou não tem com o TSE? Se tem acordo, que acordo é esse que tá passando por cima da constituição? Eu vou entrar em campo usando o meu exército, meus 23 ministros”, afirmou o presidente.
Os registros, obtidos de um vídeo encontrado no computador do tenente-coronel Mauro Cid, constam na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a operação da Polícia Federal (PF) deflagrada nesta quinta-feira (8).
A transcrição do áudio da conversa traz diversos momentos que, para o relator, revelam “o arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo”.
“E eu tenho falado com os meus 23 ministros. Nós não podemos esperar chegar 23 [o ano de 2023], olhar para trás e falar: o que que nós não fizemos para o Brasil chegar à situação de hoje em dia? Nós temos que nos expor. Cada um de nós. Não podemos esperar que outro façam por nós. Não podemos nos omitir. Nos calar. Nos esconder. Nos acomodar. Eu não posso fazer nada sem vocês. E vocês também patinam sem o Executivo”, afirmou ainda o então presidente.
De acordo com o documento, diversas das falas de Bolsonaro reiteram “acusações falsas e sem nenhum indício”.
Há inclusive a menção de que o ex-mandatário teria declarado, “ostensivamente”, que o objetivo da reunião era coagir seus ministros a propagar desinformação.
“Daqui pra frente quero que todo ministro fale o que eu vou falar aqui, e vou mostrar. Se o ministro não quiser falar ele vai vim falar para mim porque que ele não quer falar. Se apresentar onde eu estou errado eu topo”, afirmou em trecho assinalado na decisão.
Este conteúdo foi originalmente publicado em “Vou entrar em campo usando meu Exército”, disse Bolsonaro em reunião da alta cúpula do governo no site CNN Brasil.