Cristiane Brasil dirige distopia e pretende ser cineasta: “Quero contar histórias”

Cristiane Brasil (PRD-SP), ex-deputada federal e filha de Roberto Jefferson, afirma ter desistido da vida política e diz que pretende alavancar uma carreira como cineasta. Ela concluiu no mês passado um curso de direção cinematográfica de 2 anos e dirigiu um média-metragem distópico futurista sobre policiais femininas. 

Intitulado “Fox”, o filme se passa em 2034 e conta a história de Silvia, uma policial negra que enfrenta um dilema de participar ou não de um esquema de propina dentro da corporação. Ela é flagrada por uma inteligência artificial usada para vigilância social e acaba sendo a única punida, enquanto vê os chefes saírem ilesos.

A ex-deputada afirma que o filme não tem relação com a sua história nem a de seu pai e que tentou fazer uma crítica social sobre machismo, impunidade e vigilância social. 

“O que eu quero falar é sobre o excesso de informações que nós brasileiros damos de graça para as big techs, para tudo que é site, e como isso trará consequências para a liberdade brasileira no futuro e a vigilância estatal”, contou Cristiane Brasil ao Poder360.

A ex-deputada diz que o projeto ainda está em pós-produção e precisará de efeitos especiais. Ela assina a direção, o roteiro, a produção e a produção executiva. Além disso, disse que teve dengue durante as gravações, realizadas em São Paulo.

“Tive que dirigir uma cena deitada. Meu corpo não me obedecia de dor, de mal-estar. Tive desmaio, foi caótico”, relatou.

NOVA CARREIRA

Cristiane, com 50 anos, estudou na Academia Internacional de Cinema, na região central de São Paulo, onde conviveu com muitos jovens, a maioria recém-saída do ensino médio. 

“Foi uma experiência de ver a vida com um olhar mais colorido. Foi muito importante para minha sanidade mental”, contou. 

Ela afirma querer dirigir filmes com foco no papel das mulheres e documentários com teor social.

“Quero contar histórias e não histórias políticas. Quero um documentário sobre Petrópolis, a vida das pessoas nas encostas ou a vida das mulheres nas prisões femininas. Queria assumir essa bandeira e não ficar presa nessa polarização que já deu”, disse.

Também afirmou que quer mudar a percepção das pessoas sobre sua figura, muito atrelada à política e a algumas acusações de corrupção: “Quero mostrar a Cristiane de verdade. Não sou aquele ser que está na Wikipédia. Tanto que não roubei que estou com as mesmas dificuldades que todo brasileiro”.

Cristiane Brasil afirma querer ser cineasta

A ex-deputada Cristiane Brasil no set de filmagem de seu média-metragem, “Fox”.

A ex-deputada Cristiane Brasil no set de filmagem de seu média-metragem, “Fox”.

DESILUSÃO COM A POLÍTICA

Cristiane foi deputada federal de 2015 a 2019. Em 2018, foi nomeada ministra do Trabalho no governo de Michel Temer (MDB). O STF (Supremo Tribunal Federal), no entanto, barrou a nomeação. 

Depois disso, foi presa em 2020, acusada de participar de desvios em contratos de assistência social no Rio de Janeiro. Dois anos depois, tentou se reeleger deputada federal, mas não conseguiu.

Cristiane diz ter desistido da política e que se sustenta com o trabalho como advogada: “Quero mudar de profissão e pretendo ser cineasta. Não acredito mais na política”.

Também disse que só segue no PRD por “preguiça de sair”, mas que deixará o partido em breve. A sigla surgiu da fusão entre o Patriota e o PTB, anteriormente presidido por seu pai, Roberto Jefferson, preso desde outubro de 2022, depois de atirar em policiais. Jefferson foi o delator do Mensalão, esquema de propina para compra de votos durante o 1º governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Contudo, Cristiane nega que tenha sofrido resistência por ser uma mulher de direita num ambiente escolar artístico, muito atrelado a integrantes de esquerda.

“Não tive grandes resistências por ser de direita ou por ser filha de um personagem polêmico. Na escola, havia uma militância de esquerda, a qual eu respeito e que também me respeitou”, declarou.

“BOLSONARO ABANDONOU MEU PAI”

A ex-deputada afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) abandonou Roberto Jefferson na cadeia.

“Bolsonaro não é amigo de ninguém além dos filhos dele, daquele pequeno grupo seleto que o cerca. Sempre foi assim, tanto é que não consegue fazer grupo político. Meu pai foi apenas mais um”, declarou. 

Além disso, Cristiane Brasil chamou Pablo Marçal (PRTB), candidato derrotado à Prefeitura de São Paulo, de “Tiririca do apocalipse”.

“Ele é o Tiririca do apocalipse, porque estamos no apocalipse do ruim. Fiquei bem impressionada com essa divisão da direita”, afirmou a ex-deputada.

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