O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai apoiar o atual prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), na disputa no 2º turno. A aliança foi selada ainda no domingo (6.out.2024) depois de uma ligação do petista para o candidato. O apoio formal foi confirmado nesta 2ª feira (7.out) pelo ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
“O atual prefeito [Fuad], que apoiou o presidente Lula, foi para o 2º turno e inclusive ontem (domingo) já conversou com o presidente Lula. O presidente Lula reforçou o apoio ao nome do Fuad nesse 2º turno. Ele [Lula] já tinha dito isso há mais tempo, que se o Fuad fosse para o 2º turno, seria o nome apoiado por ele”, afirmou o ministro em entrevista.
A ideia é formar uma nova “frente ampla democrática” na capital mineira, como no 2º turno da eleição presidencial de 2022. Assim, incluiria no palanque do atual prefeito os candidatos de esquerda e centro-esquerda contra o deputado estadual Bruno Engler (PL), apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O PT de BH, incluindo o deputado federal Rogério Correia (PT) –que ficou em 6º na disputa pela prefeitura no 1º turno– deve oficializar o apoio a Fuad na 6ª feira. A expectativa é também atrair nos próximos dias a deputada Duda Salabert (PDT), que terminou na 5ª colocação. Ela já publicou que o objetivo agora é “derrotar a ultradireita em BH”.
O apoio de Lula e do PT já era dado como certo. Foi costurado desde o 1º turno pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que preside o PSD em Minas. “Sempre disse que o presidente Lula, naturalmente, até pelo o que nós todos conhecemos da sua sensibilidade política, humana e pelo seu sentimento de gratidão, se ele votasse em Minas Gerais, ele votaria no Fuad”, disse o ministro ainda no domingo.
Apesar da confirmação do apoio, há um temor de uma ala do PSD e da campanha de Fuad sobre a entrada de Lula na disputa. A preocupação desse grupo é que a presença ostensiva do presidente na eleição de Belo Horizonte pode, em certa grau, atrapalhar o atual prefeito. O petista perdeu na capital mineira em 2022 por 45,7% contra 54,3% do ex-presidente Bolsonaro.
Segundo apurou o Poder360, esse grupo do PSD defende que a participação de Lula na campanha de Fuad seja mínima, para evitar a polarização. Por outro lado, quer que o atual prefeito foque em se vender como um candidato ponderado e de centro, tentando pregar a pecha de radical de extrema direita em Bruno Engler.
Engler quer mais apoio de Bolsonaro
Na campanha do PL, a ideia para o 2º turno é fazer justamente a contrário. A estratégia pensada até aqui é explorar ao máximo a aliança de Fuad Noman com o PT e com partidos de esquerda para tentar colar nele a imagem de “esquerdista”.
Ao contrário do candidato PSD, que não deve explorar tanto a imagem de Lula, Bruno Engler quer ampliar a presença de Bolsonaro e de expoentes da direita, como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). A expectativa é levar o ex-presidente para eventos de campanha na capital mineira.
No domingo, ao comemorar o resultado do 1º turno, Engler disse que já pediu “todo apoio possível” ao ex-presidente nesta nova etapa. “O presidente Bolsonaro já me ligou, me parabenizando pelo resultado, eu agradeci por todo apoio e disse que preciso dele aqui para o segundo turno e ele disse que estará conosco”, afirmou.
Bruno Engler, por outro lado, deve tentar buscar o apoio do governador Romeu Zema (Novo), que neste 1º turno apoiou Mauro Tramonte (Republicanos), que terminou em 3º lugar.
Ele afirmou considerar “cabível” receber apoio de Zema. “Eu sempre deixei isso bem claro, mesmo ele tendo apoiado outro candidato no 1º turno, é um direito dele, não fez com que a gente se tornasse inimigo”.
QUEM É BRUNO ENGLER
Bruno Engler tem 27 anos. É filiado ao PL desde 2022. Cursa gestão pública na Anhanguera, com previsão de conclusão neste ano.
Em 2018, elegeu-se deputado estadual pelo então PSL, com 144.770 votos. Dois anos depois, perdeu a eleição para prefeito de Belo Horizonte. Teve 9,95% e foi derrotado por Kalil.
Em 2022, reelegeu-se deputado estadual.
QUEM É FUAD NOMAN
Fuad Noman tem 77 anos. É economista e escritor.
Foi secretário da Fazenda durante o 1º mandato do governo de Aécio Neves (PSDB) em Minas Gerais. Também ocupou o comando da Secretaria de Transporte e Obras Públicas no 2º mandato do tucano.
Também já comandou a Gasmig de 2011 a 2012.
Filiou-se ao PSD em 2020. Em sua 1ª disputa eleitoral, elegeu-se vice-prefeito de Belo Horizonte na chapa de Kalil em 2020.
Escreveu os livros “O amargo e o doce” e “Cobiça”. O 2º chamou a atenção de internautas durante a campanha pelo teor sexual.