Não estávamos 100% preparados para enfrentar incêndios, diz Lula

Próximo de completar 1 ano e 10 meses no cargo em seu 3º mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta 3ª feira (17.set.2024) que o governo não estava “100% preparado” para enfrentar incêndios pelo país. Em reunião com os chefes dos Três Poderes, o petista declarou que 90% das cidades brasileiras não têm estrutura para lidar com as queimadas.

“O dado concreto é que hoje, no Brasil, a gente não estava 100% preparado para cuidar dessas coisas [eventos climáticos extremos]. As cidades não estão cuidadas, até 90% das cidades não estão preparadas para cuidar disso. São poucos os Estados que tem preparação, que tem Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e brigadistas [suficientes], quase ninguém tem”, afirmou durante o encontro, convocado para planejar ações de combate aos incêndios.

Para o petista, o fogo que se alastra pelo Brasil tem “indícios fortes” de ter sido provocado por ação humana e com interesse político para prejudicar a imagem internacional do governo Lula. 

“Por conta da COP 30 aqui no Brasil [em novembro de 2025], talvez tudo isso seja pela performance que o Brasil tem na discussão ambiental no mundo inteiro, talvez uma parte disso seja por interesses políticos. A gente não sabe, não pode acusar, mas que há suspeita, há”, disse.

“Encontramos vários focos de fogo, dando a impressão de que foi feito para vermos que estavam tocando fogo mesmo. Não estavam escondendo da gente”, completou. 

Lula deu a entender que as queimadas poderiam ter sido intensificadas por incentivos de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). E disse que as manifestações da oposição no 7 de Setembro, em São Paulo, “cheiram a oportunismo de alguns setores tentando criar confusão” no país.

“É importante não deixar de dizer para vocês que uma pessoa muito importante na convocação do ato de setembro na avenida Paulista utilizou a palavra: ‘vamos botar fogo no Brasil’ ou ‘o Brasil vai pegar fogo’, alguma coisa assim”, declarou. 

Pelo menos 23 pessoas já foram presas no Estado de São Paulo, governado por Tarcísio de Freitas (Republicanos) –um opositor de Lula que subiu no trio elétrico junto a Bolsonaro na Paulista– por envolvimento com o início de queimadas. Ao menos R$ 25 milhões em multas também já foram distribuídos por crimes ambientais. 

Na última 3ª feira (17.set), o secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, João Ribeiro Capobianco, reconheceu que as estratégias de combate às queimadas na Amazônia do governo federal “têm se mostrado insuficientes”.  A informação consta em ata de audiência do governo junto ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Flávio Dino. Eis a íntegra do documento (PDF – 365kB).


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