Com um discurso que critica a esquerda, reforça a posição à direita e garante que não existe bolsonarismo só no PL, o prefeito chapecoense João Rodrigues (PSD) tem marcado presença em convenções partidárias de pré-candidatos a prefeito do PSD e de partidos aliados, como o Novo.
Só no último sábado, João Rodrigues e outras lideranças do PSD completaram uma jornada por convenções nas três cidades de maior eleitorado em Santa Catarina. Pela manhã, esteve em Florianópolis no evento que confirmou a pré-candidatura à reeleição de Topázio Neto (PSD).
Antes mesmo de acabar o evento no CentroSul, partiu com o presidente estadual do PSD, Eron Giordani, e o deputado estadual Napoleão Bernardes (PSD) para Joinville, onde foi realizada à tarde a convenção que homologou a pré-candidatura à reeleição do prefeito Adriano Silva (Novo), apoiando pelos pessedistas.
Por fim, encerrando o giro por Santa Catarina no sábado, João Rodrigues participou da convenção do Novo em Blumenau, onde foi confirmada a pré-candidatura do promotor aposentado Odair Tramontin, que tem o vereador Carlos Wagner, o Alemão (PSD), com pré-candidato a vice-prefeito.
A estratégia de João Rodrigues e do PSD
Esses roteiros fora de Chapecó, onde também é pré-candidato à reeleição, não começaram agora. Durante todo o período pré-eleitoral, João Rodrigues rodou o Estado para marcar presença com lideranças do PSD para eventos partidários, de rua e vídeos nas redes sociais.
A estratégia do PSD com esses road shows de João Rodrigues tem duas intenções. Primeira, claramente, é estadualizar o nome da uma liderança que, caso reeleita em Chapecó, pode entrar na disputa pelo governo de Santa Catarina em 2026 – ou, pelo menos, uma das duas vagas que estarão em disputa ao Senado.
A segunda intenção é a disputa pelo eleitor bolsonarista com o PL do governador Jorginho Mello. É principalmente nas cidades em que o PSD ou aliados enfrentam pré-candidatos do PL que João Rodrigues tem batido cartão.
Colega de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados por dois mandatos, João Rodrigues foi um dos primeiros aliados do ex-presidente – e foi responsável por trazê-lo a Santa Catarina para palestras, junto com o ex-deputado federal Rogério Peninha (MDB). O acesso dele a Bolsonaro e o discurso forte contra o PT do presidente Lula foram importantes para ajudar a reter lideranças no PSD e até atrair filiações.
Movimentos de João Rodrigues chamam atenção do PL
Não passam despercebidos no PL catarinense os movimentos de João Rodrigues. O governador Jorginho Mello tenta convencer o vereador André Kovaleski (PL) a entrar na disputa pela prefeitura, que tem o atual prefeito como favorito.
No último sabado, quando recebeu na Casa d’Agronômica a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), o governador reclamou do prefeito chapecoense mais uma vez – falas confirmadas por pessoas que participaram dos encontros. Também presente na convenção de Topázio, Michelle ironizou no palco a ausência de João Rodrigues – que já havia partido para Joinville -, como se ele não quisesse estar na foto final do encontro junto com as lideranças do PL.
Jorginho Mello e João Rodrigues juntos?
Embora PSD e PL se movimentem fortemente com um olho em 2024 e outro em 2026, muitos apostam que Jair Bolsonaro pode forçar a presença de João Rodrigues e Jorginho Mello no mesmo palanque. Ele mesmo deu a senha em 2023, em visita à Efapi.
Andando no evento com o prefeito de Chapecó, o ex-presidente ouviu aliados do pessedista gritarem em coro “Bolsonaro presidente, João governador. Bolsonaro, então, pediu que eles gritassem “Bolsonaro presidente, João senador”. Naquele momento, em Chapecó, foi atendido.