O Governo não sabe informar quando terá dados novos sobre o número de mortes de yanomamis. No ano passado, as mortes cresceram em 5,8% em relação a 2022. Foram 363 no 1º ano do 3º governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ante 343 no último ano do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A última atualização do boletim Missão Yanomami, que reúne dados sobre a saúde da etnia, foi realizada há 5 meses, em 22 de fevereiro, com informações de 2023. Nenhum dado de 2024 foi divulgado.
O Ministério da Saúde diz que realiza um “inquérito demográfico” junto ao IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para assegurar a precisão das informações anteriores e garantir padronização dos dados. Ao Poder360, o IBGE disse que o trabalho ainda está em fase inicial e não tem prazo definido para a sua conclusão.
Sem precisar quando, a Saúde declarou que divulgará em breve um balanço com dados atualizados sobre os yanomamis. O Poder360 questionou se o boletim Missão Yanomami continuará sem atualizações até o resultado do inquérito, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O texto será atualizado caso uma resposta seja enviada a este jornal digital.
Leia a íntegra da nota do IBGE:
“O IBGE está realizando estudos junto à Sesai (Secretaria de Saúde Indígena), buscando identificar diferenças metodológicas entre o Censo Demográfico 2022 e o Cadastro Siasi (Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena), para estabelecer possibilidades de cooperação técnica, aumentar a interoperabilidade entre os registros administrativos e os dados censitários e promover a padronização de coleta de informações no Siasi. Esse trabalho está em fase inicial e ainda não tem prazo definido para sua conclusão.”
Leia a íntegra da nota do Ministério da Saúe:
“O Ministério da Saúde divulgará em breve um balanço com dados atualizados sobre o povo Yanomami. Para garantir a precisão, os números passam por revisão das áreas técnicas das secretarias de Saúde Indígena (Sesai) e de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA).
“A pasta acompanha a situação Yanomami ininterruptamente desde o início de 2023 e tem implementado ações para aumentar a assistência em saúde e o bem viver indígena.
Além disso, o Ministério da Saúde atua de forma transversal com outras pastas para garantir o direito ao território indígena e o restabelecimento pleno da cultura Yanomami.”
Leia o número de mortos na Terra Indígena Yanomami desde 2018:
Em fevereiro, quando questionada sobre as mortes, a Sesai disse que os dados de 2022 e dos anos anteriores estariam “subnotificados” por culpa de “abandono” do governo do ex-presidente Bolsonaro.
Os indígenas têm sido expostos ao contato com garimpeiros e madeireiros que atuam ilegalmente na região. Há também casos crônicos de desnutrição e doenças. Os yanomamis têm dificuldade para desenvolver culturas de subsistência como plantio de alimentos e pesca. São dependentes de ajuda federal.
Lula assumiu o Palácio do Planalto em 2023 e fez grande divulgação sobre sua proposta de estancar a mortandade de yanomamis. Ele chegou a viajar para a Terra Yanomami em 21 de janeiro do ano passado.