O diretor-geral da PF (Polícia Federal), Andrei Rodrigues, disse que não pode assegurar que a gestão atual da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) não esteja contaminada pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A agência estava sob o comando do hoje deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) e é alvo de investigação por uma “estrutura paralela” de inteligência durante o período.
“Não posso asseverar se está contaminada ou não. Não me cabe avaliar a atual gestão da Agência Brasileira de Inteligência. Me cabe apenas orientar nossa equipe, que trabalha com muita técnica”, disse em entrevista à CNN Brasil que foi ao ar no sábado (27.jul.2024).
“Eu não posso afirmar se há conluio ou se não há. É uma questão que, se houver ou não, será elucidado e esclarecido no inquérito policial”, completou.
TROCA NA ABIN
O chefe da Polícia Federal também disse que desconhecia a possível troca da chefia da Corregedoria-Geral da agência. A oficial de inteligência Lidiane Souza dos Santos, cujo mandato finaliza em 31 de agosto, deve ser substituída pelo delegado da PF Jose Fernando Moraes Chuy.
“Desconheço formalmente qualquer movimento para que haja uma substituição. A PF não recebeu nenhum pedido de troca”, afirmou.
A troca seria uma tentativa do diretor-geral da agência, Luiz Fernando Corrêa, de apaziguar os ânimos no momento em que há a investigações sobre a “Abin paralela”.
Rodrigues disse que a atual corregedora é “uma pessoa corretíssima” e “tem sido diligente” em relação às decisões do judiciário. “É importante ressaltar, esclarecer fortemente isso, a atual corregedora é servidora da Abin e tem auxiliado não só a correção dos processos junto inclusive à própria CGU (Controladoria-Geral da União), mas também a Polícia Federal, ao contrário do que alguns dizem.”
Lidiane Souza dos Santos foi indicada para o cargo em 2022 e, depois do fim do seu mandato, poderia ter o posto renovado por mais 2 anos.
O diretor-geral declarou também que não quer interferir na gestão da agência e que não considera a troca um problema desde que a Abin considere necessária.
A possível troca não foi bem recebida pela Intelis, associação que representa os profissionais de Inteligência de Estado da Abin. A entidade emitiu nota em que diz que a indicação de um corregedor-geral “oriundo de fora dos quadros da agência” é “preocupante, injustificada e um desprestígio dos servidores orgânicos”. Eis a íntegra da nota (PDF – 161 kB).