O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, disse que o Brasil não teve um golpe em 2023 por causa da atuação do Exército. Ao falar sobre o 8 de Janeiro, ele declarou que as Forças Armadas não tiveram culpa na depredação dos Três Poderes durante os atos extremistas.
Múcio comparou o trabalho dos militares no 1º ano de governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 1964, quando começou uma ditadura no país. “Podemos dizer com tranquilidade que se devemos ao Exército o golpe de 1964, nós devemos ao Exército não ter tido o golpe de 2023”, disse em entrevista à CNN Brasil exibida neste sábado (11.mai.2024).
Sem citar nomes, o ministro afirmou que as delações realizadas em 2024 demonstram a inocência das Forças Armadas no 8 de Janeiro.
No começo do ano, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), delatou em investigação da Polícia Federal em algumas ações contra o ex-presidente. Uma delas é sobre uma suposta tentativa de golpe pelo governo anterior.
“Hoje eu posso lhe dizer com absoluta segurança, depois dessas delações do princípio desse ano, que deu-se CPF à suspeição […] Na hora que foi fulano e beltrano, você liberou o Exército e encontrou em fulano e beltrano o suspeito”, disse Múcio.
O ministro declarou que integrantes do governo Lula o criticaram por defender o não envolvimento do Exército nas ações radicais na Esplanada dos Ministérios. Também mencionou que a esquerda queria culpar os profissionais pela depredação.
“Dentro do próprio governo eu recebi muitas críticas, mas desde que eu estava dizendo o que achava, me dava conforto.”
Múcio ficou sob pressão depois dos atos do 8 de Janeiro. Mas Lula descartou sua demissão ainda logo depois do ataque. “O Zé Múcio vai continuar sendo meu ministro, porque eu confio nele”, disse o presidente da República em 12 de janeiro.
Extremistas invadiram a sede dos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) em 8 de janeiro de 2023. O episódio ficou marcado pela depredação do prédio do STF (Supremo Tribunal Federal), do Palácio do Planalto e do Congresso Nacional.