O julgamento no TRE-PR (Tribunal Regional Eleitoral do Paraná) de duas ações que pedem a cassação do mandato e a inelegibilidade do senador Sergio Moro (União Brasil-PR) movimentam os partidos políticos e o próprio ex-juiz da operação Lava Jato em torno de sua eventual sucessão.
Do PT (Partido dos Trabalhadores), do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao PL (Partido Liberal), do ex-presidente Jair Bolsonaro, as siglas já negociam quem será candidato caso o congressista fique sem a vaga na Casa Alta. Um senador tem mandato majoritário e, se perder o cargo, uma eleição suplementar deve ser realizada.
Desde que o processo começou, partidos trabalham nomes para uma eventual disputa no Estado. No Congresso, alas do governo e da oposição dão como certa a cassação do mandato do senador. Segundo apurou o Poder360, congressistas também apostam em uma derrota do congressista em caso de recurso no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Leia os principais cotados para a disputa:
- Rosangela Moro (União Brasil-SP) – deputada federal e mulher de Moro;
- Gleisi Hoffmann (PR) – deputada federal, presidente do PT e ex-senadora do Estado;
- Zeca Dirceu (PR) – deputado federal, filho de José Dirceu (PT) e ex-líder do PT na Câmara dos Deputados;
- Alvaro Dias (Podemos-PR) – ex-senador que concorreu à reeleição em 2022 e ficou em 3º lugar;
- Ricardo Barros (PP-PR) – deputado federal licenciado, ex-ministro da Saúde e atual secretário da Indústria, Comércio e Serviços do Paraná; e
- Paulo Martins (PL-PR) – ex-deputado federal e 2º colocado no Estado nas eleições para a Casa Alta em 2022.
DISPUTA
Com o julgamento no TRE-PR se aproximando de um desfecho, o próprio Moro entrou em uma articulação por sua possível sucessão. A mulher do senador, Rosangela, mudou seu domicílio eleitoral no mês passado para o Paraná.
A troca abre caminho para que Rosangela dispute a vaga de senadora no Estado e tente herdar os votos que o marido ganhou em 2022. A mudança causou revolta em alas do PT, que recorreram ao TRE afirmando que a deputada comete “estelionato eleitoral” e lesa os paulistas com a mudança. Ela nega as acusações.
Em 2022, Moro foi eleito com 1,9 milhão de votos (33,5%). Paulo Martins teve 1,6 milhão de votos (29,1%), cerca de 4% a menos que o ex-juiz da Lava Jato.
Ao Poder360, Martins afirmou que, se houver a cassação de Moro, vai disputar a eleição. O político disse que não vai abdicar da disputa.
Aliados bolsonaristas cogitaram nos últimos meses o nome da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, hoje líder do PL Mulher, para o cargo e colocaram o nome dela em pesquisas eleitorais.
No entanto, a ideia perdeu força. A este jornal digital, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, disse que Michelle fica “feliz”, mas que não será candidata ao Senado pelo Paraná.
O Paraná tem um perfil conservador e um candidato da esquerda deve enfrentar dificuldades mesmo com o apoio de Lula. O Estado é o berço da operação Lava Jato. No entanto, o PT entende ser importante marcar posição.
Martins, por outro lado, está na equipe de assessores do governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), e deve disputar com Barros o apoio do chefe do Executivo estadual, já que ambos fazem parte da atual gestão.
O apoio de Bolsonaro na eventual eleição suplementar também deve pesar para os candidatos, já que o ex-presidente foi o mais votado no Paraná em 2022.
JULGAMENTO DE MORO
O julgamento de Moro foi suspenso pela 2ª vez na 4ª feira (3.abr). Está empatado por 1 a 1: o relator do caso, Luciano Carrasco Falavinha, votou contra a cassação de Moro, e o juiz José Rodrigo Sade, indicado por Lula, a favor. Será retomado nesta 2ª feira (8.abr).
O presidente do TRE-PR, juiz Sigurd Roberto Bengtsson, disse esperar que o julgamento do caso seja concluído nesta semana.
O julgamento será retomado com o voto da juíza Cláudia Cristofani, que pediu mais tempo para análise.
Eis abaixo a ordem de votação depois do voto de Cristofani:
- juiz Julio Jacob Junior;
- juiz Anderson Ricardo Fogaça;
- juiz Guilherme Frederico Hernandes Denz; e
- juiz Sigurd Roberto Bengtsson.
As ações contra Moro foram protocoladas pelo PL do Paraná e pela Federação Brasil da Esperança, formada pelos partidos PT, PC do B (Partido Comunista do Brasil) e PV (Partido Verde).
As siglas indicam prática de abuso de poder econômico, caixa 2, uso indevido dos meios de comunicação e irregularidade em contratos. Os partidos pedem a cassação de Moro e sua inelegibilidade por 8 anos.
Os partidos acusam Moro de abuso de poder econômico por iniciar uma campanha como pré-candidato à Presidência da República antes de se tornar candidato ao Senado pelo Paraná.