Apesar de sua gestão ter exaltado o golpe de 1964 durante os 4 anos que passou na Presidência, Jair Bolsonaro (PL) decidiu ficar em silênico nas redes sociais no aniversário de 60 anos do início do regime militar no Brasil. Ele não se manifestou publicamente sobre o assunto até as 22h20 deste domingo (31.mar.2024).
O ex-presidente é alvo de investigação da Polícia Federal autorizada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) sobre uma suposta tentativa de golpe. Durante o ato que ele realizou em fevereiro na cidade de São Paulo, pediu que seus apoiadores não levassem cartazes ou materiais de apologia a posições consideradas antidemocráticas.
A atitude de Bolsonaro durante o aniversário do golpe de 1964 pode ser lida como uma tentativa de não chamar a atenção para assuntos relacionados à investigação.
Leia abaixo o que Bolsonaro declarou sobre as instauração do regime militar durante sua gestão à frente da Presidência:
- 2019 – o Palácio do Planalto divulgou um vídeo favorável ao golpe. O Exército nos salvou. “Não há como negar e tudo isso aconteceu num dia como o de hoje. O 31 de março. Não dá para mudar a história”, diz a peça publicitária;
- 2020 – Bolsonaro classificou o 31 de março como “o grande dia da liberdade” ao conversar com apoiadores. Seu vice na época, o general Hamilton Mourão (Republicanos-RS) se manifestou a favor da ditadura;
- 2021 – o então ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, disse ser preciso celebrar o golpe como um movimento que permitiu “pacificar o país”;
- 2022 – declarou que a ideia da instauração de um golpe seria enganosa. “O que aconteceu nesse dia? Nada? A história registra nenhum presidente perdendo seu mandato nesse dia”.
Quando Bolsonaro era deputado federal, ele mantinha fotos dos presidentes que comandaram o Brasil durante a ditadura. Veja na foto abaixo:
MENSAGEM DE PÁSCOA
No domingo de aniversário da ditadura, Bolsonaro compartilhou uma postagem sobre a páscoa em suas redes sociais:
INVESTIGAÇÃO DA PF
A premissa da corporação é que Bolsonaro e aliados teriam tentado invalidar o resultado da eleição de 2022 antes mesmo da realização do pleito.
Uma das hipóteses da PF é que o ex-presidente e seus aliados teriam tentado cumprir esse objetivo com um decreto de Estado de sítio e uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem).
Bolsonaro nega as acusações. Durante o evento que convocou em São Paulo, ele falou em uma tentativa de perseguição política. Afirmou que leva “pancada” desde antes das eleições de 2018 e que passou 4 anos perseguido.
“O que é golpe? É tanque na rua, arma, conspiração. É trazer classes políticas para o seu lado, empresariais. Nada disso foi feito no Brasil”, afirmou.
Bolsonaro afirmou que para a adoção de um estado de sítio é preciso convocar os conselhos da República e da Defesa. “Isso aconteceu? Não”. Disse também que seria necessário mandar uma proposta para o Congresso. “É o Parlamento que decide se o presidente pode ou não editar um decreto de estado de sítio”, declarou.
Pouco mais da maioria da população aparenta confiar na tese da PF. Pesquisa Datafolha divulgada na 6ª feira (29.mar) indica que 55% dos brasileiros acham que Bolsonaro tentou continuar na Presidência com um golpe. Outros 39% dizem que ele não buscou a manutenção do cargo dessa maneira. Um total de 7% não souberam responder.
A empresa ouviu 2.002 pessoas de 19 a 20 de março de 2024 em 147 cidades brasileiras. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.