Braga Netto chamou ex-comandante de “cagão” por não aderir a golpe

O general Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa do governo de Jair Bolsonaro (PL) chamou o ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, de “cagão” ao saber que ele não não aceitou participar do suposto plano de golpe de Estado. As informações foram levantadas pela PF (Polícia Federal).

O diálogo em questão foi entre Braga Netto e o militar Ailton Barros, preso em 2023 na operação que investiga fraudes em cartões de vacina. Os registros aparecem na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que baseou a operação Tempus Veritatis nesta 5ª feira (8.fev). Eis a íntegra (PDF – 8 MB).

“Meu amigo, infelizmente tenho que dizer que a culpa pelo que está acontecendo e acontecerá é do general Freire Gomes. Omissão e indecisão não cabem a um combatente”, teria dito Braga Netto a Ailton Barros.

Barros respondeu: “Então vamos continuar na pressão e se isso se confirmar, vamos oferecer a cabeça dele aos leões”. O ex-ministro concordou e disse: “Oferece a cabeça dele. Cagão”.

Freire Gomes foi comandante do Exército de março a dezembro de 2022. Em 2023, ele foi substituído pelo general Tomás Ribeiro Paiva, nomeado pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT).

A PF escreveu em seu relatório, também, que em outros diálogos, Ailton Barros também criticou Freire Gomes por “estar dificultando a vida do PR [presidente da República] ao “se colocar contra [o plano].

Para a corporação, esse é mais um elemento que “ratifica” que os investigados “tentaram executar um golpe de Estado para manter o então presidente Jair Bolsonaro no poder, que não se consumou por circunstâncias alheias a suas vontades”.

Eis os outros aliados Bolsonaro que foram alvos:

  • Valdemar Costa Neto, presidente do PL;
  • general Augusto Heleno, ex-ministro do GSI;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa.

ENTENDA

A PF (Polícia Federal) deflagrou nesta 5ª feira (8.fev.2024) uma operação contra Jair Bolsonaro e aliados por suposta tentativa de golpe na gestão do ex-presidente. A Justiça determinou que o ex-chefe do Executivo entregue seu passaporte para a PF.

Veja abaixo os principais alvos da operação:

Os agentes cumprem 33 mandados de busca e apreensão, 4 mandados de prisão preventiva e 48 medidas alternativas, como a proibição de manter contato com os demais investigados, a proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas. 

As buscas são realizadas no Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal. As medidas judiciais foram expedidas pelo STF (Supremo Tribunal Federal). 

Em nota, a PF disse que a operação apura “organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República no poder”. 

Veja imagens das buscas em Brasília registradas pelo repórter fotográfico do Poder360 Sérgio Lima:

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