Esta foi uma manhã de quinta-feira típica no Brasil, com muitos eventos acontecendo simultaneamente. E nos últimos tempos, tudo tem girado em torno do ex-presidente Jair Bolsonaro, suas ações e os comportamentos suspeitos envolvendo ele e seu círculo mais próximo.
O sargento Luís Marcos dos Reis, que era assistente do ajudante de ordens Mauro Cid, testemunha na CPI do 8 de janeiro, que investiga os atos golpistas no Congresso Nacional.
Ele admitiu que participou dos eventos do dia 8 de janeiro, subindo a rampa e indo ao acampamento dos manifestantes golpistas em frente ao exército. Disse que se arrependeu da ação, classificando-a como impensada.
O problema aqui é que o sargento está sob investigação e já existe um relatório de inteligência financeira que indica movimentações financeiras atípicas. Curiosamente, todo o grupo de assistentes de ordem, incluindo Mauro Cid, está associado a movimentações de em torno de R$ 12 milhões em apenas um ano.
Além disso, há outra situação envolvendo a CPI dos atos golpistas na Câmara Distrital, do Distrito Federal. Mauro Cid, trajando farda, está contestando parte da operação realizada pelo ministro José Múcio.
Múcio fez uma movimentação para transmitir a mensagem: as Forças Armadas são as Forças Armadas, e os indivíduos são os indivíduos.
A questão é que, dentre esses indivíduos, Mauro Cid estava uniformizado e afirmou que estava seguindo ordens, incluindo a tarefa de receber presentes, sem mencionar mais detalhes.
E é nesse ponto que se entra em uma outra parte da confusão, pois o dia amanheceu com a Polícia Civil do Distrito Federal realizando uma operação com um dos alvos sendo Jair Renan, o filho de Bolsonaro conhecido como “Zero Quatro”.
A acusação aqui não diz respeito aos presentes, mas sim a denúncias de lavagem de dinheiro. Mas surgiu na CPI uma informação que foi apurada pela GloboNews, com a divulgação de um email do investigado Cleiton Henrique Holzschuk para Osmar Crivelatti, que trabalha na segurança de Bolsonaro e também é investigado.
O email informa que uma pessoa chamada Marjore, do GADH, o gabinete de documentação responsável por preservar acervos históricos, notificou que quando Jair Renan viesse buscar presentes deveria selecionar o que quisesse e informar quais queria levar.
O GADH então informaria o chefe de gabinete do presidente da República sobre os presentes selecionados, e somente após a autorização de Bolsonaro, Renan poderia retirar os itens.
Importante ressaltar que a operação policial não tem relação com os presentes, mas sim com alegações de lavagem de dinheiro.
Mas de qualquer forma o e-mail sugere que Renan fazia parte do mesmo grupo que usava os presentes dados à presidência da República como bens pessoais de Bolsonaro.
Em resumo, está tudo errado. E aí surgiu outra informação: segundo a jornalista Mônica Bergamo, a estratégia da defesa de Bolsonaro é entrar com um pedido no TCU para devolver as joias, alegando que pertencem a Bolsonaro.
Conversei com minhas fontes do Judiciário e do TCU que me disseram que essa é uma estratégia da defesa para criar confusão. Alegar que as joias são de Bolsonaro, que sempre foram dele, já esperando uma negativa do tribunal.
A negativa seria contestada com uma ação civil, que seria direcionada para a primeira instância – já que a investigação criminal do caso está sob a jurisdição do Supremo Tribunal Federal. Isso alimenta a dúvida sobre se ele fez algo errado ou não, mesmo que tenha vendido joias do governo brasileiro para benefício próprio.
Em um cenário de muitos absurdos, só resta mesmo à defesa criar confusão e dúvida.