Carlos Bolsonaro: Moraes manda PF apreender celulares, computadores e ter acesso à nuvem

Vereador foi alvo de mandado de busca e apreensão em operação que investiga o funcionamento de uma estrutura paralela na Abin para monitorar adversários do governo Bolsonaro
Carlos Bolsonaro foi alvo de operação da PFCarlos Bolsonaro foi alvo de operação da PF — Foto: Reproduçã
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, ordenou nesta segunda-feira a apreensão de celulares e computadores em posse do vereador Carlos Bolsonaro (Rep-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O magistrado também autorizou o acesso à nuvem do parlamentar.
A decisão foi tomada no âmbito da operação que investiga se o deputado e ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem (PL-RJ) montou uma estrutura paralela na agência de inteligência para produzir dossiês e monitorar adversários do governo passado. Carlos é amigo pessoal de Ramagem e foi escolhido para coordenar a campanha do ex-diretor da Abin à prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições deste ano.
“Fica autorizada (…) o acesso e a análise do conteúdo (dados, arquivos eletrônicos, mensagens eletrônicas e e-mails) armazenado em eventuais computadores, servidores, redes, inclusive serviços digitais de armazenamento ‘em nuvem’ ou em dispositivos eletrônicos de qualquer natureza por meio de quaisquer serviços utilizados, incluindo aparelhos de telefonia celular que forem encontrados, em assim para a apreensão, se necessário for, dos dispositivos de bancos de dados, DVDs, CDs, ou discos rígidos”, diz trecho da decisão de Moraes, que autorizou as ações hoje.
Um dos mandados de busca foi cumprido em uma casa em Angra dos Reis, na Costa Verde (RJ), onde a família Bolsonaro se reuniu no fim de semana para realizar uma live. De acordo com as investigações, Carlos Bolsonaro é suspeito de receber informações da Abin do deputado Alexandre Ramagem (PL), diretor da pasta à época. Ramagem também é investigado e foi alvo de busca e apreensão na última quinta-feira.
Quem são os investigados pela PF?
No inquérito, os investigadores separaram os suspeitos em cinco núcleos: “PF”, em que são investigados os policiais cedidos à Abin durante a gestão de Ramagem; “Alta Gestão”, acerca da cúpula da pasta; “Subordinados”; “Evento Portaria 157”, sobre uma ação em que foram monitorados envolvidos com uma Organização Não-Governamental (ONG); e “Tratamento Log”, sobre os servidores que acessam o sistema da Abin.
Em nota, a PF informou que busca “avançar no núcleo político, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin, por meio de ações clandestinas”. Ainda de acordo com a corporação, o grupo usou “técnicas de investigação próprias das polícias judiciárias, sem, contudo, qualquer controle judicial ou do Ministério Público”.
Ramagem nega
Em nota divulgada na semana passada, a Abin disse que “é a maior interessada” na apuração dos fatos e que continuará a colaborar com as investigações. “Há 10 meses a atual gestão da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) vem colaborando com inquéritos da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal sobre eventuais irregularidades cometidas no período de uso de ferramenta de geolocalização, de 2019 a 2021. A Abin é a maior interessada na apuração rigorosa dos fatos e continuará colaborando com as investigações”, disse o órgão.
Ramagem disse, também na semana passada, que nunca teve acesso às senhas de sistemas de monitoramento para espionar autoridades públicas e cidadãos comuns.
— Nós da direção da Polícia Federal, policiais federais que estavam comigo, nunca tivemos a utilização, execução, gestão ou senha desses sistemas — disse Ramagem à GloboNews.
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