O Chega, partido português de direita fundado em 2019, registrou um avanço significativo na quantidade de cadeiras conquistadas nas eleições da Assembleia da República de Portugal no domingo (10.mar.2024).
Com 99,01% das urnas apuradas até às 14h43 (horário de Brasília), a legenda recebeu 18,06% dos votos e conquistou 48 cadeiras das 230. Os dados foram divulgados pela SGMAI (Secretaria Geral do Ministério da Administração Interna) de Portugal.
Em 2019, o Chega havia conquistado somente uma cadeira nas eleições legislativas. O assento foi ocupado por André Ventura, ex-comentarista esportivo da emissora CMTV e fundador do partido.
Já nas eleições antecipadas de 2022, a legenda passou para 12 deputados, se tornando a 3ª maior força política do país, posto que manteve no pleito deste ano.
Os 48 assentos na Assembleia reforçam o Chega como a 3ª maior bancada, atrás do Aliança Democrática (79 deputados), de centro-direita, e do Partido Socialista (77), de centro-esquerda. O AD pode formar uma coalizão com o Chega para ter maioria no Parlamento e constituir um governo.
Ainda é preciso contabilizar os votos dos portugueses que moram fora do país, o que deve ser finalizado apenas na próxima semana. Os emigrantes são responsáveis pela eleição de 4 deputados.
Leia mais sobre o partido Chega:
ANDRÉ VENTURA
O fundador do Chega foi filiado ao PSD (Partido Social Democrata), sigla pela qual foi eleito, em 2017, vereador em Loures. Ventura renunciou ao cargo em 2018, pouco depois de deixar a legenda.
Doutor em direito público, Ventura chegou à Assembleia da República com críticas às comunidades ciganas e defendendo temas como a castração química de pedófilos e a restrição à entrada de imigrantes. Foi acusado de dar declarações consideradas machistas e xenófobas.
O líder do Chega foi por diversas vezes comparado ao ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL). Em janeiro, o ex-chefe do Executivo fez um vídeo declarando apoio ao líder do Chega nas eleições de 2024.
Bolsonaro disse que Ventura é um candidato que representa a “direita e o conservadorismo”. O deputado português agradeceu a mensagem e afirmou que os eleitores sabem que “a esquerda” transformou o país “em um antro de miséria e corrupção”.
Assista ao vídeo de Bolsonaro (1min1s):
Na campanha atual, o líder do Chega amenizou o discurso. A rádio Renascença fez uma análise dos debates televisivos que Ventura participou em 2019, 2022 e 2024, notando que muitos dos temas controversos que “catapultaram André Ventura para o Parlamento” há 5 anos “desapareceram do discurso” na campanha atual.
Entre eles, as críticas aos ciganos, os cortes no Rendimento Social de Inserção (apoio do governo destinado a proteger as pessoas que se encontrem em situação de pobreza extrema) e a redução do número de deputados da Assembleia da República.