A invasão russa na Ucrânia completa 2 anos neste sábado (24.fev.2024). Pouco antes da data, na 5ª feira (22.fev), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com o Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, e reafirmou sua disposição para colaborar com esforços pela paz na região.
Hoje em uma tentativa de assumir um papel de mediador internacional do conflito, o Brasil sustentou posições diferentes ao longo dos 2 anos de guerra. No início, sob o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), havia uma postura principal era de isenção. “Lamentamos os conflitos, mas eu tenho um país para administrar”, afirmou em junho de 2022.
No início do conflito, o ex-presidente desautorizou o seu vice, o atual senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), depois de uma declaração em que ele negava que o Brasil estivesse “neutro” em relação ao conflito. Bolsonaro disse que não competia ao vice se expressar sobre o assunto.
Assista (2min14s):
Poucas semanas depois da invasão russa, o ex-presidente também afirmou que considerava “exagero” falar em massacre na Ucrânia. A declaração não foi bem recebida pelo país. O encarregado de negócios da embaixada da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, respondeu à fala dizendo Bolsonaro estaria “mal informado”.
A neutralidade de Bolsonaro também foi criticada à época pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
Lula, por outro lado, foi condenou a guerra de forma contundente e repetidas vezes. O atual presidente, no entanto, deu declarações controversas sobre o conflito e manteve uma relação ambivalente com Zelensky.
Em algumas de suas das falas consideradas mais polêmicas, o chefe do Executivo sugeriu que Kiev deveria ceder o território da Crimeia à Rússia “por paz” e que os 2 países teriam responsabilidades equiparáveis pelo conflito.
Relembre o que Bolsonaro e Lula já disseram sobre a guerra na Ucrânia enquanto presidentes do Brasil:
Jair Bolsonaro
- 14.fev.2024 – 10 dias antes da invasão, Bolsonaro disse torcer para a solução do conflito entre Ucrânia e Rússia. O então presidente estava a caminho de Moscou e ressaltou a soberania do Brasil e a continuidade de negócios com o Kremlin
Assista (1min32):
- 18.fev.2022 – Em retorno da Rússia, o ex-presidente disse que o Brasil não tomaria partido de ninguém: “A gente pede a Deus que tenhamos paz na região. Até falei lá que o mundo é a nossa casa e Deus está acima de todos”;
- 24.fev.2022 – No dia do ataque da Rússia à Ucrânia, Bolsonaro declarou que não competia a Mourão falar sobre o conflito na Ucrânia. O vice-presidente havia dito que o Brasil não estava neutro e não concordava com a invasão do território ucraniano;
- 27.fev.2022 – Bolsonaro reforça que não vai tomar partido sobre a guerra. “Não podemos interferir. Nós queremos a paz, mas não podemos trazer consequências para cá”;
- 30.mar.2022 – “Se alguns, inclusive da imprensa, quisessem que eu tomasse partido, vão continuar querendo (sic). Eu sou chefe do Executivo de 210 milhões de brasileiros. É para esses que devo trabalhar, buscar paz e prosperidade.”
Assista (1min6s):
- 9.jun.2022 – Bolsonaro afirmou que lamenta a guerra, mas disse que tinha “um país para administrar”. Depois de trocas comerciais com a Rússia, o ex-presidente disse que o Brasil era dependente “de outros países”;
- 11.jul.2022 – Bolsonaro disse ter telefonema marcado com Zelensky e que mantinha diálogo com 2 lados;
- 14.jul.2022 – Ex-presidente declarou ter “solução” para guerra e que daria opinião a Zelensky.
LULA
- 30.jan.2023 – O presidente Lula condenou pela 1ª vez de forma enfática a invasão russa à Ucrânia. “Hoje eu tenho mais clareza, acho que Rússia cometeu o erro clássico de invadir o território de outro país”. O presidente, porém, manteve a posição do governo anterior de não interferência. Disse ainda que: “Quando 1 não quer, 2 não brigam”;
- 6.abr.2023 – Lula sugere cessão da Crimeia à Rússia “por paz”. “Putin não pode ficar com o terreno da Ucrânia. Talvez se discuta a Crimeia. Mas o que ele invadiu de novo, tem que se repensar. O [presidente da Ucrânia, Volodymyr] Zelensky não pode querer tudo.”
Assista (3min53):
- 16.abr.2023 – Presidente equipara responsabilidades dos 2 países no conflito;
Assista (1min30s):
- 18.abr.2023 – Lula volta a condenar “a violação da integridade territorial da Ucrânia” e defende “uma solução política negociada para o conflito”;
- 22.abr.2023 – Presidente Lula volta atrás em equiparação de responsabilidades pelo conflito: “Eu nunca igualei os 2 países, porque eu sei o que é invasão, sei o que é integridade territorial, e todos nós achamos que a Rússia errou e já condenamos [a invasão] em todas as decisões da ONU [Organização das Nações Unidas]”;
- 23.abr.2023 – “Há uma posição muito clara: o Brasil condenou a Rússia por invadir o espaço territorial da Ucrânia, ponto. […] O que o Brasil não quer é se alinhar à guerra. O Brasil quer se alinhar a um grupo de países que precisa trabalhar para construir a paz.”;
- 25.abr.2023 – Presidente diz que o Brasil está empenhado para que a Ucrânia fique com seu território. Lula fala sobre diálogos com Joe Biden e Xi Jinping para a mediação do conflito;
- 21.mai.2023 – Nova condenação de Lula à invasão à Ucrânia é acompanhada por pedido de dialogo entre Kiev e Moscou;
- 1.jun.2023 – Lula diz que o Brasil é parte de um grupo de países que querem se manter neutros para construir o fim da guerra entre Rússia e Ucrânia;
- 19.jul.2023 – Presidente afirma que “o mundo começa a se cansar” do conflito na Ucrânia.
Assista (2min50s):
- 14.ago.2023 – “Quando os 2 [Rússia e Ucrânia] tiverem a humildade e quiserem conversar, vai se encontrar uma solução”, afirma Lula;
- 20.set.2023 – Presidente diz que Brasil estará onde houve esforço por paz;
- 4.dez.2023 – Lula diz que conflito na Ucrânia e em Gaza ocorrem porque a ONU “não está cumprindo com o papel histórico para o qual ela foi criada”.