O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta 3ª feira (21.fev.2024) que “não existe golpe por Estado de Sítio”. E negou ilegalidades em sua atuação à frente da Presidência da República. Ele foi alvo, no início de fevereiro, da operação Tempus Veritatis, que investiga tentativas golpistas no final de 2022.
Em entrevista à rádio CBN, ele disse que a premissa de Estado de Sítio é constitucional e que se trataria de “um crime impossível de acontecer”. Segundo ele, para editar o decreto, ele precisaria consultar e aprovar a decisão no Congresso.
“Os conselhos (da República e da Defesa, entidades compostas por autoridades que aconselham o presidente do Brasil) são consultivos, o presidente pode ignorá-los, mas mesmo assim ele a encaminha para o parlamento (…) se o parlamento dizer ‘não’, acabou o Estado de Sítio”
Bolsonaro e outras 14 pessoas envolvidas no inquérito devem prestar depoimento na PF (Polícia Federal) na 5ª feira (22.fev). Na entrevista, ele voltou a dizer que não teve acesso aos autos e que vai seguir as orientações de seus advogados. Ele deve se manter em silêncio.
O ex-presidente também disse que os atos extremistas de 8 de janeiro não foram uma tentativa de Golpe de Estado. “Golpe você tem que ter armas, tem que ter conspiração, tem que ter tanque na rua e uma autoridade conduzindo esse golpe. Nada disso teve. Que loucura é essa de fala em golpe do 8 de janeiro?”
Perseguição
Bolsonaro voltou a dizer que é alvo de perseguição política do governo Lula. Ele citou o caso em que é investigado por importunação de baleia e também a sua inelegibilidade decidida pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 2023. Afirmou que os motivos que levaram o tribunal a decidir por sua inelegibilidade “não se justificam”.
“A minha inelegibilidade é porque eu me reuni com embaixadores. Qual o problema de se reunir com embaixadores? É uma política privativa minha”, afirmou o ex-presidente.
Perguntado sobre a possibilidade de reverter a inelegibilidade, Bolsonaro disse que “tudo é possível”, mas disse ter sido alvo de “injustiça” e de “perseguição”.
“É uma injustiça, é uma perseguição. Acho que ninguém tem dúvidas disso”, afirmou.
Ele alegou, ainda, que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) agiu para retirá-lo da disputa eleitoral de 2026.
Tensão entre Lula e Israel
O ex-presidente disse que a declaração de Lula, que comparou a operação militar de Israel na Faixa de Gaza ao extermínio de judeus na Alemanha nazista, é “criminosa”.
Bolsonaro disse que a fala prejudicou as relações com outros países e que “o mundo democrático vê o Brasil diferente”. Também disse que um eventual fim das relações diplomáticas com Israel pode comprometer a fabricação de aviões da Embraer, que utiliza peças de origem israelense.
O ex-presidente voltou a declarar que Lula apoia e estaria ligado ao Hamas e criticou que o governo brasileiro manteve as doações ao UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência para Refugiados da Palestina no Oriente Médio), entidade que foi acusada por Israel de auxiliar o Hamas nos ataques de 7 de outubro.
Eleições em 2024
A estratégia do PL e de aliados nas eleições municipais de 2024 é “mostrar o que é a esquerda e o que é a direita”, segundo Bolsonaro. Disse, inclusive, que se não tivesse ficado inelegível, gostaria de ter concorrido a vereador no Rio de Janeiro.
Voltou a reafirmar que ele e o PL (Partido Liberal) irão apoiar a reeleição de Ricardo Nunes (MDB-SP), com a indicação de do vice na chapa. Também disse que irá apoiar o seu ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, para a prefeitura de Recife.
O partido está articulando a candidatura da senadora Tereza Cristina (PL-MT) em Campo Grande, assim como a possível candidatura do ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga em João Pessoa (PB).