O presidente do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, disse nesta 4ª feira (2.abr.2025) que a autoridade monetária deu um exemplo de ter um trabalho técnico durante a transição de governos. Com a autonomia, os mandatos dos presidentes e diretores são de 4 anos em períodos não coincidentes.
Para Galípolo, a transição do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) demostra uma “fortaleza institucional” que dá estabilidade para a política monetária.
“O Banco Central deu um exemplo para além do que é o seu mandato da estabilidade monetária e financeira, de que é possível, sim, a gente ter um convívio harmonioso, trabalhar tecnicamente e garantir estabilidade olhando para o que é a preocupação do país”, disse o presidente do BC.
Galípolo participou de evento de comemoração dos 60 anos do Banco Central. O evento teve participação de ex-presidentes da autoridade monetária, como Gustavo Franco, Gustavo Loyola, Pedro Malan, Wadico Bucchi, Alexandre Tombini, Armínio Fraga, Henrique Meirelles, Ilan Goldfajn e Roberto Campos Neto.
“A política monetária não tem vitória definitiva. O zelo pelas estabilidades financeira e monetária é uma batalha contínua, não tem ponto de chegada. O meio se torna o fim. A finalidade do Banco Central é continuar tomando cada decisão de maneira independente, técnica, transparente e objetiva”, disse o presidente do BC.
Galípolo defendeu a democratização do debate de política monetária, que define a taxa básica, a Selic, atualmente em 14,25% ao ano. Para ele, o dinamismo da atividade econômica demonstra que a política monetária tem uma fluidez que não funciona “tão bem como em outros países”.
Ele voltou a dizer que há subsídios “cruzados e regressivos” que permitem exceções que beneficiam grupos que “pagam menos”, enquanto a maioria tem que arcar com os custos.
HARMONIA NO BANCO CENTRAL
Galípolo declarou que há uma “harmonia na comunidade” de banqueiros centrais e que se sentiu “abraçado” pelos ex-presidentes. Ele afirmou que ser presidente da autoridade monetária é desafiador.
O presidente do BC declarou que o país viveu 15 anos de inflação elevada. Citou também os processos de estabilidade financeira, a renegociação da dívida e a criação do sistema de metas.
“Cada um desses momentos foi um desafio muito elevado”, disse Galípolo. Ele fez elogios ao ex-presidente do BC Roberto Campos Neto, que foi criticado pelo presidente Lula e aliados do governo.
“[Campos Neto] Provocou diversas revoluções, todas elas conhecidas e reconhecidas das contribuições”, disse. Galípolo declarou que participou da transição do comando com a autonomia, “onde você tinha que conviver com diretores que foram indicados por dois governos distintos”.
E completou: “Eu tenho muito orgulho de ter passado por esse processo num momento, sei que a palavra já está meio vulgarizada, de polarização da nossa sociedade. E que o Banco Central tenha conseguido dar esse exemplo de fortaleza institucional que foi fazer essa transição […] da melhor maneira do ponto de vista, profissional e pessoal”.
Para Galípolo, a transição demostra uma fortaleza institucional que garante uma estabilidade para a política monetária.
“O Banco Central deu um exemplo para além do que é o seu mandato da estabilidade monetária e financeira, de que é possível, sim, a gente ter um convívio harmonioso, trabalhar tecnicamente e garantir estabilidade olhando para o que é a preocupação do país”, disse o presidente do BC.
PRESENTES NO EVENTO
O presidente Lula estava previsto para participar do evento, mas cancelou. Entre as autoridades presentes, estão:
- Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), presidente do Senado;
- Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara;
- Fernando Haddad, ministro da Fazenda;
- Luiz Marinho, ministro do Trabalho e Emprego;
- Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento;
- Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça e Segurança Pública;
- Jaques Wagner (PT-BA), líder do Governo no Senado;
- Dario Durigan, secretário-executivo do Ministério da Fazenda;
- Gustavo Guimarães, secretário-executivo do Ministério do Planejamento e Orçamento.
Durante a cerimônia, Haddad sentou-se próximo a Marinho, Meirelles e ao deputado Mauro Benevides (PDT-CE). Campos Neto estava ao lado de Gustavo Loyola e Armínio Fraga.