Mãe de foragido do 8 de Janeiro protesta contra Motta

A pedagoga Tereza Elvira Vale, mãe de um dos foragidos do 8 de Janeiro, protestou contra o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), durante evento do Republicanos na manhã desta 6ª feira (21.mar.2025).

Motta foi convidado para falar durante o 2º Encontro Nacional Mulheres Republicanos no Brasil 21 Eventos, em Brasília, que vai até sábado (22.mar). O presidente discursou logo no início e, depois, Tereza surgiu da plateia e começou a falar contra o presidente.

Ela citou a fala de Motta, que disse que no Brasil não há perseguição política, presos e exilados políticos. A declaração, realizada em sessão solene em homenagem aos 40 anos da redemocratização no país, foi feita 1 dia depois de o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anunciar que se licenciará do mandato para morar nos Estados Unidos.

“Nos últimos 40 anos, não vivemos mais as mazelas do período em que o Brasil não era democrático. Não tivemos jornais censurados, nem vozes caladas à força. Não tivemos perseguições políticas, nem presos ou exilados políticos. Não tivemos crimes de opinião ou usurpação de garantias constitucionais. Não mais, nunca mais”, declarou o congressista.

Tereza foi à frente do auditório, tentou subir no palco, mas foi impedida pela organização. “Eu sou a mãe de um exilado político”, disse em direção ao congressista, que já estava sentado, enquanto o presidente nacional do Republicanos, deputado federal Marcos Pereira (SP), tentava falar.

“O presidente da Câmara falou que não existia exilado político e aqui vem ao palco falar que é a favor das mães, das mulheres”, disse a jornalistas enquanto saía do auditório. Ela não quis dizer o nome do filho, mas afirmou que ele ficou 7 meses preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília (DF), e agora está fora do país, foragido.

“Eu vim testemunhar a mentira do Hugo Motta e pedir a vocês que são republicanas que abracem a mulher ferida, a mãe que não está vendo seu filho. Como o partido defende mulher se não ouve a mim que sou mulher?”, disse.

Assista (11min39s):

PRISÃO

Segundo Tereza, seu filho estava “rezando” quando foi levado pela polícia durante os ataques às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023, em Brasília. Agora fora do país, ela disse que não pode falar sua localização.

Apesar de dizer que não sabia que Motta estaria no evento, Tereza carregava em mãos uma bíblia, um terço e um papel com a foto do filho ainda criança. Dentro da bíblia, também estava um papel com a fala de Pereira escrita à mão. O presidente nacional do Republicanos disse à CNN recentemente que o debate da anistia “contamina” a eleição de 2026, e tem sido criticado pelo pastor Silas Malafaia, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Motta deixou o evento sem falar sobre o assunto. Pereira, por sua vez, disse a jornalistas que “é um assunto que a Justiça está tratando, a gente respeita o Judiciário brasileiro e respeitamos também a sociedade”.

Pereira afirmou que o protesto foi algo “pessoal” de Tereza. Sobre o projeto da anistia, o presidente do Republicanos disse que já tem maioria na Câmara e dentro do partido para aprovar e que o assunto será tratado internamente quando o texto for pautado.

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