O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta 4ª feira (12.mar.2025) que querem tirá-lo da disputa eleitoral, mas que ele segue sendo candidato à Presidência. Também voltou a afirmar que a manutenção da sua inelegibilidade é “negar a democracia”.
“É justo eu ficar inelegível porque me reuni com embaixadores? Não me reuni com traficantes como Lula fez […] É negar a democracia e me tirar fora do processo”, disse Bolsonaro a jornalistas.
Bolsonaro disse não ter que abrir mão do capital político para apoiar outro nome e defendeu que cada partido lance candidatura própria.
“Eu acho até que seria bom que cada partido lançasse um candidato. E no 2º turno os partidos se unissem, um dos dois, que passaram no 2º turno. Seria a melhor coisa a fazer. Alguns me acusam, dizem que eu tenho que abrir mão do meu capital para apoiar alguém. Eu não tenho que abrir mão. Então, vou considerar o momento certo. Eu tenho uma experiência que ninguém tem”, afirmou.
O ex-chefe do Executivo também comparou a denúncia apresentada pela PGR (Procuradoria Geral da República), por tentativa de golpe de Estado, às eleições da Venezuela.
“Olha só, se não tá parecido com o Brasil. Pegou as duas maiores oposições, Maria Corina e [Henrique] Capriles e tornou-os inelegíveis por 15 anos com a acusação. Atos antidemocráticos, atentou contra o estado democrático de direito. Alguma semelhança com o Brasil?”, disse Bolsonaro.
Assista à íntegra da fala de Bolsonaro (7min21s):
DENÚNCIA DA PGR
O ex-presidente e outras 33 pessoas foram denunciados por suposta tentativa de golpe de Estado em 2022 visando a impedir a posse de Lula (íntegras – PDF 6,1 MB e 6,4 MB). As penas podem chegar a 43 anos. A denúncia contra 34 pessoas foi encaminhada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, ao ministro do STF Alexandre de Moraes.
- Próximos passos no STF:
- prazo para defesas – corre um prazo de 15 dias para que os advogados dos 34 acusados se manifestem. Ainda estão no prazo para apresentarem as defesas os denunciados do grupo 2 e 4;
- 1ª Turma analisa – o colegiado composto por 5 ministros (Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Cristiano Zanin e Flávio Dino) decide se aceita a denúncia. Caso a maioria aceite, os indiciados viram réus;
- novas audiências – Moraes deve convocar os acusados para prestarem novos depoimentos;
- julgamento – os acusados que virarem réus devem responder à ação penal no próprio Supremo. O tribunal também pode, eventualmente, mandar o caso (ou alguns réus) para a 1ª instância.
INDICIAMENTO DA PF
A PF (Polícia Federal) indiciou Bolsonaro, o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa e candidato a vice, general Braga Netto, o ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, e outras 34 pessoas em 21 de novembro do ano passado. Em 11 de dezembro, a corporação adicionou mais 3 pessoas entre os acusados, totalizando 40.
No documento, a PF afirma ter identificado o que seriam provas ao longo da investigação que mostram de forma “inequívoca” que Bolsonaro “planejou, atuou e teve domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa que objetivava concretizar o golpe de Estado e a abolição do Estado democrático de direito”.
Os indícios contra os envolvidos foram obtidos pela PF ao longo de quase 2 anos de investigação, por meio de quebras de sigilos telemático, telefônico, bancário e fiscal, além de colaborações premiadas, buscas e apreensões.
O objetivo do grupo envolvido, composto majoritariamente por militares, seria impedir a posse do presidente eleito para recolocar Bolsonaro no poder. Contudo, segundo a corporação, haveria ainda um plano para matar Lula, seu vice Geraldo Alckmin (PSB) e prender ou executar o ministro do STF Alexandre de Moraes.
A operação Contragolpe da PF prendeu 4 militares ao ser deflagrada em 19 de novembro de 2024. As investigações levaram à prisão do general Braga Netto, além de outros alvos das apurações.