O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), se enfureceu durante a sessão plenária desta 4ª feira (19.fev.2025) depois de um embate entre deputados do PL e do PT. Enquanto o líder Lindbergh Farias (PT-RJ) discursava, congressistas da ala bolsonarista protestavam por conta da denúncia apresentada contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao STF (Supremo Tribunal Federal).
A deputada Delegada Katarina (PSD-SE), 3ª secretária da Mesa Diretora, que presidia a sessão no momento, suspendeu o encontro para acalmar os ânimos na Casa Baixa. Motta então retornou à presidência do plenário e fez duras críticas aos deputados.
“Quero dizer às vossas excelências que se vossas excelências estão confundindo esse presidente como uma pessoa paciente, como uma pessoa serena, como um presidente frouxo, vocês ainda não me conhecem […] aqui não é o jardim da infância, nem muito menos um lugar para espetacularização que denigre a imagem desta Casa. Eu não aceitarei esse tipo de comportamento”, declarou Hugo Motta.
A bancada feminina se manifestou em defesa da colega, pedindo respeito à congressista. Motta também a defendeu e decidiu colocar novas ordens na Casa. Disse que deputados não poderão mais entrar no plenário com placas.
A briga se deu um dia depois da denúncia da PGR (Procuradoria Geral da República) contra Jair Bolsonaro. Na tarde desta 4ª feira (19.fev.2025), a oposição e a base falaram aos jornalistas no Salão Verde da Câmara sobre o assunto.
O EMBATE
No plenário, por volta das 18h30, os deputados da oposição subiram à tribuna, liderados pelo deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), pedindo anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro e em defesa de Bolsonaro. Eles seguravam placas com os escritos “anistia já” e “perseguição política”.
“Golpe é meu ovo que está caro igual o café”, disse Nikolas, que teve apoio dos colegas. Os congressistas ainda pediram a prisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Depois da fala, os deputados governistas entoaram gritos de “sem anistia”. Depois, subiram à tribuna da esquerda com as placas: “Bolsonaro preso” e “sem anistia”.
Enquanto o líder do PT, Lindbergh Farias (PT-RJ) tentava falar, a bancada da oposição entoava gritos do plenário da Casa Baixa. A deputada Delegada Katarina pedia ordem, mas não obteve sucesso. Foi quando a sessão foi suspensa e só retornou depois que Motta apareceu.
O presidente saiu em defesa da deputada que conduzia a sessão. “Pedi para a Delegada Katarina presidir os trabalhos para evitar que nenhum deputado do PT, nenhum deputado do PL presidisse, diante do ambiente que estamos vivendo”, afirmou.
Motta disse que vai ser ainda mais rígido com o regimento. “Não vamos permitir a desordem nesta Casa. Não estou aqui para dizer o que cada deputado deve ou não defender, mas para garantir que o regimento será cumprido e o presidente saberá exercer o poder dessa presidência se necessário for”, declarou.
O congressista afirmou que vai determinar ao Depol (Departamento de Polícia Legislativa) e aos técnicos da Mesa Diretora para não permitirem mais a entrada de congressistas sem gravata ou de camiseta nas comissões.
Motta também mencionou episódios passados de agressão. “Presidente Arthur foi combativo, nós seremos um pouco mais. A presidência assumirá a responsabilidade se o parlamentar desrespeitar o colega, a própria presidência vai acionar o Conselho de Ética e fazer cumprir todas as medidas restritivas da Casa”, declarou.
O ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) se deparou com um contexto semelhante em 2024. Na época, depois de bate-bocas entre deputados da oposição e governistas em comissões, o alagoano apresentou um projeto para alterar o regimento interno da Casa Baixa e facilitar a suspensão do mandato do deputado que violar o Código de Ética.