A presidência do Senado será disputada por 5 candidatos em 1º de fevereiro. Favorito para assumir o comando da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) concorrerá com Marcos Pontes (PL-SP), Soraya Thronicke (Podemos-MS), Marcos do Val (Podemos-ES) e Eduardo Girão (Novo-CE).
A candidatura de Alcolumbre reúne o apoio de 10 partidos –no total, uma bancada de 76 senadores. No entanto, como o voto é secreto e individual, o apoio não assegura a adesão automática dos integrantes. Para se eleger em 1º turno, o candidato precisa da maioria absoluta de 41 dos 81 senadores.
O presidente de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou que todos os ministros que são congressistas se licenciem dos cargos na Esplanada para votar na eleição das presidências da Câmara e do Senado, em 1º de fevereiro. O governo quer que o 1º escalão vote no senador amapaense.
DAVI ALCOLUMBRE
Favorito desde sempre, Alcolumbre não encontrou resistência. Sem adversários à altura, costurou pelas bordas com o apoio do PDT, PSB e PP até selar o seu destino com o embarque do PT, PL e PSD –a última, a maior bancada da Casa, aderiu à sua campanha à revelia de Eliziane Gama (PSD-BA), que chegou a anunciar uma pré-candidatura natimorta.
Ao atrair para sua órbita as maiores bancadas da Casa, esvaziou as candidaturas adversárias e consolidou um cenário que deve se manter inalterado.
O senador já ocupou o posto de 2019 a 2021. Atualmente, chefia a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Tem o apoio do governo Lula, do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do atual presidente da Casa Alta, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
MARCOS PONTES
Sem apoio do PL, o senador Marcos Pontes lançou uma candidatura avulsa. Foi criticado por Bolsonaro, que disse ser “lamentável” o seu ex-ministro concorrer na disputa.
Pontes afirmou que, se eleito, vai desengavetar pedidos de impeachment de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e o projeto de anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro.
“Existem mais de 20 pedidos de impeachment estacionados, um deles, assinado por mais de 150 deputados e mais de 1.5 milhão de brasileiros. Como presidente do Senado, obviamente vou desengavetar e dar prosseguimento nesses pedidos”.
Disse ainda que uma eventual presidência do PL no Senado ajudaria a reverter a inelegibilidade de Bolsonaro.
EDUARDO GIRÃO
Único integrante do Novo no Senado, Eduardo Girão (Novo-CE) é um dos maiores críticos da atuação do STF na Casa. Ao Poder360, disse que dará prosseguimento a pelo menos 1 dos 60 pedidos de impeachment contra ministros da Corte.
“É um clamor crescente da sociedade [o impeachment de ministro do STF]. Em 200 anos, o Senado nunca o fez. Chegou a hora de fazer isso para amenizar o caos institucional que o país está vivendo“, declarou.
Também pretende anistiar os condenados dos atos extremistas do 8 de Janeiro.
“A liberdade de expressão foi cassada, jornalistas tem passaportes retidos, contas bancarias bloqueadas e redes sociais derrubadas por ordem judicial. Isso não é democracia. O Senado precisa funcionar para reequilibrar os poderes da República”.
MARCOS DO VAL
Marcos do Val mantém uma candidatura sem apoio do Podemos. Sob alegação de suposta perseguição e arbitrariedade do ministro do STF, Alexandre de Moraes, o senador disse ao Poder360 que, se eleito, vai priorizar a “pauta do STF”.
Depois de bloquear as contas bancárias do senador, Moraes autorizou, em agosto de 2024, que o congressista recebesse 30% de seu salário (cerca de R$ 13.000 dos R$ 44.000 a que tem direito). Ele é suspeito de obstrução de Justiça depois de realizar publicações nas redes sociais em que expõe o delegado da PF Fábio Schor, responsável pelas investigações contra Bolsonaro.
Em seu gabinete, adornado com katanas (nome dado às espadas usadas por samurais, uma classe de guerreiros já extinta no Japão), réplicas de peças do Império Romano e balas de revólver, Do Val declarou a este jornal digital ser vítima da perseguição de Moraes, a quem atribui ter “problemas mentais“ e ser motivado pelo “ódio”.
SORAYA THRONICKE
Com a bancada do Podemos rachada, a senadora também não conta com apoio interno para bancar a sua candidatura. Uma ala do partido liderada por Rodrigo Cunha (AL), que se licenciou para assumir a vice-prefeitura de Maceió, embarcou junto com Alcolumbre.
Soraya avalia que, apesar do apoio reunido em torno de Alcolumbre, alguns senadores estão descontentes e buscam alternativas. A congressista sabe, no entanto, que suas chances são mínimas. Por enquanto, sua candidatura se mantém de pé, mas não está descartada a possibilidade de ser retirada antes do pleito.
Perguntada sobre o que fará caso seja eleita, Soraya afirmou ao Poder360 que buscará paridade na mesa do Senado, respeito na distribuição de emendas e de cargos e no cumprimento de acordos. “Travar o país, nunca. Ameaçar passar a anistia do 8 de Janeiro, nunca”, declarou.