Rogério Marinho pede ao TCU afastamento de Pochmann do IBGE

O senador Rogério Marinho (PL-RN) disse nesta 3ª feira (28.jan.2025) que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) virou um ”puxadinho ideológico do governo” de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao anunciar que pediu ao TCU (Tribunal de Contas da União) o afastamento cautelar do presidente do instituto, Marcio Pochmann.

Em publicação no X (ex-twitter), Marinho disse que o IBGE “sacrifica a credibilidade e referência técnica da instituição em favor de seu projeto de poder” e que Lula “ignora a lei em favor de uma gestão autoritária, temerária, e alheia ao interesse público”.

A representação pede que o TCU afaste cautelarmente o presidente do IBGE “diante do cenário caótico de sua gestão e das arbitrariedades praticadas” e suspenda ainda todos os atos administrativos que fundamentaram a criação da Fundação IBGE+. Eis a íntegra (PDF – 1.022 kB).

O documento requer que o Tribunal tome medidas para apurar uma “ameaça à missão institucional e os princípios orientadores do IBGE” sob a gestão “temerária” de Pochmann.

Argumenta que o presidente colocou em risco a independência técnica da instituição com a criação da Fundação IBGE+ como única alternativa às demandas por recursos financeiros para a realização das pesquisas e projetos que compõem a agenda de trabalho. Diz que a fundação “usurpa a competência do Congresso Nacional”.

A representação traz ainda a carta aberta assinada por 136 servidores do instituto contra uma suposta gestão de viés “autoritário, político e midiático”. Os servidores também criticam o fim do regime remoto integral de trabalho alegando que a medida não foi discutida com os trabalhadores.

“A condução do IBGE com viés autoritário, político e midiático pela gestão Pochmann é a verdadeira causa da crise em que se encontra a instituição. Sua gestão ameaça seriamente a missão institucional e os princípios orientadores do IBGE, na medida em que impõe a criação da Fundação IBGE+ como única alternativa às demandas por recursos financeiros para a realização das pesquisas e projetos que compõem nossa agenda de trabalho”, diz a carta.

CRISE NO IBGE

A gestão do economista Marcio Pochmann à frente do IBGE tem sido alvo de diversas críticas do AssIBGE (Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE), que acusa o presidente do órgão de “autoritarismo”. O sindicato disse que a atual presidência realizou poucos diálogos com os funcionários sobre as mudanças estudadas. 

Os funcionários do IBGE criticam: 

  • o estatuto do IBGE – dizem que o instituto quer emplacar mudanças no documento sem diálogo. Afirmam que afetem diretamente as condições de trabalho, autonomia ou governança do órgão; 
  • a fundação IBGE + – são contra a criação da instituição, que teria parceria com a iniciativa privada.

Eles também questionaram a volta do trabalho presencial e a mudança de funcionários da Unidade Chile, localizada na avenida de mesmo nome, no centro do Rio para o prédio do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), no bairro do Horto.

A tensão aumentou no início de janeiro, quando 2 diretores de pesquisas do instituto foram demitidos. A troca foi divulgada por meio de nota oficial, que não detalhou os motivos. A representação sindical do órgão atribuiu a saída de Elizabeth Hypolito e João Hallak Neto ao fato de “não concordarem com as práticas da gestão” de Pochmann.

Foi divulgada uma carta contra as posturas da presidência, assinada por gerentes, coordenadores e ex-diretores. O episódio representou uma escalada na tensão, que já vinha sendo manifestada pelos funcionários do baixo escalão, que já realizaram greve por 24 horas contra as mudanças estruturais na organização.

A crise no instituto vem sendo usada pela oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em 27 de dezembro do ano passado, por exemplo, ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que a taxa de desemprego no Brasil divulgada pelo IBGE é “uma mentira”. A taxa no trimestre encerrado em novembro foi de 6,1%, a menor do país na série histórica iniciada em 2012.

Em resposta, a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), afirmou em 4 de janeiro que Bolsonaro “ataca” o IBGE porque tem “aversão à verdade”.

A presidente do PT disse que a metodologia usada pelo IBGE é a mesma utilizada em todos os governos desde 2012, inclusive no período em que Bolsonaro e o então ministro da Economia Paulo Guedes levaram o desemprego a 14% –agravado pela pandemia de covid. Em 2021, a taxa de desemprego ficou em 14,6% no trimestre encerrado em maio.

FUNDAÇÃO IBGE+

Criada em 2024, a Fundação IBGE+ é uma fundação pública de direito privado, vinculada ao IBGE. É a maior fonte de insatisfação dos funcionários do órgão, que a chamam de “IBGE paralelo”.

É responsável pelo Núcleo de Inovação Tecnológica do órgão e por apoiar pesquisas. Está vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e não ao Ministério do Planejamento e Orçamento, como o próprio IBGE.

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