O advogado Marcos Vinícius Figueiredo, representante do general Mário Fernandes, negou que seu cliente tenha elaborado um plano para um golpe de Estado ou para o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Fernandes, que foi preso pela PF (Polícia Federal) em 19 de novembro, é um dos 37 indiciados por organização criminosa, golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático.
Em entrevista à GloboNews nesta 3ª feira (7.jan.2025), Figueiredo afirmou que o documento encontrado, apontado pela PF como parte de um planejamento denominado “Punhal Verde e Amarelo”, não configurava um roteiro para ações criminosas. Segundo ele, tratava-se apenas de uma análise de “consequências e efeitos colaterais”.
“Não há plano nenhum. A PF chama de plano porque foi o que motivou a prisão, mas não se trata disso. Era apenas um arquivo no HD dele. Uma análise, não um roteiro”, declarou o advogado.
O general era secretário-executivo da Secretaria Geral da Presidência de Bolsonaro. Ele também foi assessor no gabinete do deputado e ex-ministro da Saúde e deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ).
Segundo a PF, Fernandes seria o autor do plano para prender ou executar Lula, Alckmin e o próprio Alexandre de Moraes.
“A investigação, mediante diligências probatórias, identificou que o documento contendo o planejamento operacional denominado ‘Punhal Verde e Amarelo’ foi impresso pelo investigado Mário Fernandes no Palácio do Planalto, no dia 09/11/2022 e posteriormente levado até o Palácio do Alvorada, local de residência do [então] presidente da República, Jair Bolsonaro”.
Mario Fernandes sempre foi o mais efusivo defensor de um ato de força para impedir a posse de Lula e Alckmin. Em grupos de mensagens do governo Bolsonaro, segundo apurou o Poder360, ele reclamava da inoperância da administração federal sobre tomar alguma atitude para não haver troca de presidentes.
Eis, a seguir, o que disse o advogado Marcos Vinícius Figueiredo:
“Não tem roteiro. O documento não tem um roteiro […] Ele não tratou esse documento por mensagem com absolutamente ninguém.
“Eu não tratei de nenhuma mensagem com ele, apenas tratei do relatório. E o que está no relatório é que essa minuta não foi entregue a absolutamente ninguém. O que está no relatório é que essa minuta não tem nenhuma conexão com Copa 22.
“O documento diz ‘eu vou matar o presidente?’ […] Tive acesso às 864 folhas do relatório. As mensagens são fracionadas, não tenho como abordar o exercício do direito de defesa com mensagem fracionada.
“A linha de defesa [de Mario Fernandes] vai ser estabelecida no papel, perante a Suprema Corte […] Todo mundo fala “tentativa” de golpe. Tentativa não deveria estar na estrutura do crime como elemento da conduta, porque tentativa não é conduta. Tentativa é uma conduta que foi realizada por um agente e por circunstâncias exógenas não alcança o resultado pretendido. Mas isso é uma discussão densa”.