O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, fez a sua última participação no Copom (Comitê de Política Monetária) nesta 4ª feira (11.dez.2024). No comando desde 2019, o estoque de crédito do país cresceu 93% durante a sua gestão à frente do órgão.
O saldo nominal passou de R$ 3,2 bilhões em janeiro de 2019 para R$ 6,3 bilhões em outubro de 2024. O valor representa o total de financiamentos e empréstimos registrados pela autoridade monetária.
Leia no infográfico abaixo como se comportou o estoque de crédito:
A evolução dos créditos livres e direcionados se comportou de forma similar. Leia a abaixo como variou durante a gestão de Campos Neto e o qual a diferença de cada um:
- direcionado (+76,7%) – atendem políticas públicas, como crédito rural e imobiliário. Taxas são reguladas e condições definidas por normas;
- livres (+107,3%) – bancos determinam taxas e condições definidas pelo mercado sem direcionamento obrigatório a setores.
O estoque de crédito reflete o ritmo da atividade econômica. A expansão no volume de financiamentos, consumidores e empresas aumentam o consumo. Pode haver pressão na inflação.
O Banco Central acompanha o movimento de perto para tomar suas decisões, especialmente relacionadas à política dos juros.
RESERVAS CAMBIAIS
As reservas internacionais, ou seja, os ativos do país em moeda estrangeira, funcionam como uma espécie de “colchão de segurança” para o Brasil fazer frente a obrigações no exterior e a choques de natureza externa, como crises cambiais.
O indicador aumentou em US$ 14,7 bilhões em 9 de dezembro, dado mais recente, na comparação com o início da gestão Campos Neto.
PIB
O Produto Interno Bruto é a soma de tudo o que o país produziu em determinado período. É um dos indicadores mais importantes do desempenho de uma economia.
Durante o mandato de Campos Neto, o PIB caiu durante a pandemia. Cresceu acima de 3% em 2023, com uma perspectiva similar para 2024.
A ERA CAMPOS NETO
Roberto Campos Neto tomou posse em 2019. Foi indicado por Paulo Guedes, ex-ministro da Economia do governo Jair Bolsonaro (PL). Caso fosse reconduzido ao cargo por Lula, poderia ficar até 2028 e se tornar o presidente do BC mais longevo, superando Henrique Meirelles (8 anos).
Responsável por indicar os diretores da autoridade monetária, Lula é crítico de Campos Neto e propôs o economista Gabriel Galípolo para comandar o órgão a partir de 2025. Campos Neto disse também ser contrário à recondução e que ficaria até dezembro de 2024.
Campos Neto fez 46 reuniões do Copom no período. A taxa básica de juros (Selic) atingiu o nível mais baixo da história na pandemia de covid, quando foi de 2% ao ano. Os países implementaram medidas de estímulos monetários para aumentar o nível de atividade econômica durante o isolamento social.
Os incentivos se somaram às políticas fiscais expansionistas dos governos. Como consequência, a inflação global subiu. Medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), atingiu 12,13% no acumulado de 12 meses até abril de 2022.
A alta no índice de preços em alta levou o Banco Central a elevar os juros para controlar os preços e as expectativas. O órgão fez o maior ciclo de aperto monetário do século 21. Subiu a Selic de 2,00% para 13,75% ao ano –alta de 11,75 pontos percentuais de 2021 a 2022.
O aperto monetário mesmo antes das eleições de 2022 é o principal argumento de Campos Neto para defender que as decisões de política monetária são técnicas. Teoricamente, Bolsonaro poderia se utilizar das taxas mais baixas para fazer um apelo popular.
O presidente Lula e aliados criticaram o presidente do BC. Acusaram-no de prejudicar o país com os juros altos no período da gestão PT.
O Banco Central voltou a cortar os juros em agosto de 2023. O ciclo durou até junho de 2024, com a manutenção do indicador em 10,5% ao ano. O cenário global adverso, as incertezas sobre as contas públicas e o mercado de trabalho aquecido voltaram a elevar as expectativas futuras para a inflação.
A Selic voltou a subir em setembro. Começou com uma alta de 0,25 ponto percentual, que acelerou a cada reunião.