À PF, Cid reforça participação de Braga Netto em trama golpista

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), reforçou, em depoimento à Polícia Federal, nesta quinta-feira (5) a participação do general Walter Braga Netto na trama golpista que queria impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo a CNN apurou, Cid também foi questionado sobre o “plano Punhal Verde e Amarelo”, que, segundo a PF, consistia em um planejamento de execução de Lula, do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Foi a primeira vez que o ex-ajudante de ordens foi questionado sobre o tema especificamente pelos policiais.

O militar assinou em setembro de 2023 um acordo de colaboração premiada e seus depoimentos têm embasado investigações que miram o governo Bolsonaro, como a tentativa de golpe de Estado, a fraude de cartões de vacina contra a Covid-19 e a venda das joias sauditas recebidas pelo ex-presidente. Ao todo, Cid já prestou 14 depoimentos.

O novo depoimento à PF ocorre duas semanas após o tenente-coronel ter sido ouvido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e ter mantido os benefícios da colaboração premiada. O acordo que estava sob risco após a PF apontar omissões e contradições do ex-ajudante de ordens nas declarações dele sobre a trama golpista.

Cid conseguiu manter sua delação após dar detalhes ao ministro Alexandre de Moraes sobre a atuação do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e vice na chapa de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022, contribuíram para que o tenente-coronel manter os benefícios do acordo.

A Moraes, o ex-ajudante de ordens também afirmou que não sabia de um plano ara matar Lula, Alckmin e o próprio ministro do STF.

De acordo com a Polícia Federal, o general Mario Fernandes, então número 2 da Secretaria-Geral da Presidência no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi o responsável pela elaboração do chamado plano “Punhal Verde e Amarelo”.

O relatório final da PF aponta que documento com o “planejamento operacional” para realizar o assassinato foi impresso pelo general da reserva no Palácio do Planalto e levado ao Palácio da Alvorada.

A data da impressão do documento foi 9 de novembro de 2022, quando Bolsonaro ainda residia no local. Dias antes, o então presidente havia sido derrotado por Lula no segundo turno da eleição.

À CNN, o advogado Marcus Vinícius Figueiredo, que assumiu a defesa do general Mario Fernandes na semana passada, disse que o documento apontado pela investigação como um plano golpista jamais foi entregue a ninguém.

No mês passado, Cid e outras 36 pessoas, incluindo Bolsonaro, foram indiciadas por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e Organização criminosa.

O inquérito que apura o caso já foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo relator no Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Cabe agora ao procurador Paulo Gonet decidir se denuncia ou não os indiciados.

Este conteúdo foi originalmente publicado em À PF, Cid reforça participação de Braga Netto em trama golpista no site CNN Brasil.

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