A ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse nesta 4ª feira (13.nov.2024) que o desperdício de doses de vacinas foi consequência do estoque próximo do vencimento deixado pelo governo de Jair Bolsonaro (PL).
Segundo Nísia, havia 158 milhões de itens de saúde a vencer em junho de 2023. As perdas avaliadas pelo órgão somam R$ 1,2 bilhão –sendo que, segundo a ministra, R$ 1 bilhão correspondia apenas a vacinas contra a covid-19 que não haviam sido distribuídas.
A ministra ainda disse que os dados estavam sob sigilo, o que dificultava o controle da qualidade e veracidade das informações. “Antes de assumir a pasta, eu fazia parte do grupo de trabalho da transição e fiquei perplexa ao saber que as informações sobre estoques de vacinas eram sigilosas. Não tínhamos nenhum controle de qualidade e veracidade das informações”, declarou.
Como solução, afirmou que retirou o sigilo em março de 2023 e tem tomado ações para evitar desperdícios. São elas:
- criação de um comitê de integridade para realizar o monitoramento permanente dos estoques de insumos;
- pactos com secretarias estaduais e municipais de saúde para evitar perdas; e
- acordo com os laboratórios para substituir insumos.
Segundo Nísia, as ações evitaram um desperdício de R$ 252 milhões, o que seria equivalente a mais de 12,3 milhões de doses de vacina.
Assista (6min23s):
Nísia prestou esclarecimentos às comissões de Fiscalização Financeira e Controle e de Saúde na Câmara dos Deputados. Ela foi convocada para falar sobre desperdício de vacinas, repasse de verbas, ações da sua gestão, dentre outros.
O questionamento sobre a perda de doses foi feito pelos deputados Dr. Frederico (PRD-MG) e Kim Kataguiri (União Brasil-SP). Pediram para a ministra explicar o prejuízo de R$ 1,75 bilhão diante da perda de imunizantes e a incineração de 10,9 milhões de vacinas com o prazo de validade expirado, respectivamente. Os dados citados por eles são de uma reportagem do jornal O Globo sobre o tema.
Procurado pelo Poder360, o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga afirmou que o estoque de vacinas deixado pela sua gestão se deve à menor adesão das pessoas à vacinação. Ele atribuiu a diminuição ao controle do cenário epidemiológico e ao surgimento de outros tipos de vacina recomendadas por especialistas, como as vacinas bivalentes.
“À medida que o cenário epidemiológico foi controlado, a adesão diminuiu e houve vacinas que desceram a procura, sobretudo a da AstraZeneca, produzida pela Fiocruz que, à época, era administrada pela própria Nísia. […] Surgiram outras vacinas atualizadas, as bivalentes, recomendadas pelos especialistas. A população ficava reticente com as outras, que ficavam sem aplicação”, declarou.
VACINAS VENCIDAS
Em março de 2023, o Ministério da Saúde informou que o governo anterior havia deixado um estoque de 27,1 milhões de doses de vacinas contra covid-19 prestes a vencer, “sem tempo hábil para distribuição e uso”.
Segundo levantamento do órgão, de 2021 a fevereiro de 2023, foram 38,9 milhões de doses descartadas, calculando um prejuízo de cerca de R$ 2 bilhões. À época, a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) responsabilizou a gestão anterior pelas perdas. Disse que a equipe de Transição não recebeu informações sobre estoques e validade de vacinas.
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