Conquista de Fortaleza pelo PT dá pontos a Camilo para 2026

A vitória de Evandro Leitão (PT) à prefeitura de Fortaleza (CE) deu ao ministro da Educação, Camilo Santana, pontos na corrida pela sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A conquista da única capital pelo PT foi creditada, em grande parte, ao esforço do ministro na articulação local e na representação do governo federal no Estado.

Deputado estadual, Leitão venceu por uma diferença de apenas 10.838 votos o bolsonarista André Fernandes (PL), que é deputado federal. Teve 50,38% (716.133) dos votos válidos, contra 49,62% (705.295).

A ala do PT que venceu na capital cearense é bem diferente do “petismo raiz” de Lula, da presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, e outros do comando partidário. Além de uma vitória de Camilo, trata-se também de uma vitória do senador Cid Gomes (PSB-CE), que voltou para o PSB depois de romper com seu irmão, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT). Camilo e Cid atraíram ainda integrantes do grupo financeiro que no passado dava apoio ao ex-senador e ex-governador Tasso Jereissati (PSDB) para apoiar Leitão. O tucano esteve ao lado de Fernandes na campanha municipal.

Ainda que tenha negado a intenção de eventualmente disputar a Presidência da República, caso Lula desista de tentar a reeleição em 2026, o ministro despontou nas citações de correligionários e aliados como alguém que pode ganhar tração a ponto de suceder o petista.

Logo depois das eleições, o partido começou a discutir a possibilidade de um cenário em 2026 sem Lula. Embora tal hipótese seja ainda considerada difícil de se realizar, porque o presidente demonstra intenção de tentar a reeleição, a necessidade de se construir um sucessor tem ganhado mais força.

O problema maior é que não há, até hoje, um nome de consenso. O status de Lula como líder supremo no PT e a falta de renovação dos quadros históricos da legenda dificultam a ascensão de um herdeiro.

O petista é visto como o único nome do campo da esquerda capaz de enfrentar e, eventualmente, ganhar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O petista também poderia desbancar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Bolsonaro está inelegível neste momento e Tarcísio diz querer concorrer à reeleição no Estado.

A avaliação nos bastidores do governo é que ninguém se apresentará publicamente enquanto Lula estiver bem e exercendo seu papel político no PT e na esquerda. A explicação é que qualquer um que apareça antes disso será alvo da oposição e dos grupos lulistas dentro do PT.

Desde 2018, quando concorreu à Presidência no lugar de Lula, Fernando Haddad (PT), é tido por alguns como o nome a suceder o petista. A possibilidade, no entanto, é contestada até mesmo pelo PT. O atual ministro da Fazenda perdeu para Bolsonaro naquela eleição. Em 2022, também saiu derrotado na disputa pelo governo de São Paulo, quando Tarcísio foi eleito. As duas derrotas consecutivas são vistas como sinal de que Haddad não teria como conquistar um eleitorado nacional.

Dessa forma, o nome de Camilo cresceu como possibilidade. O ministro conta com boa avaliação do presidente sobre o seu trabalho e tem rodado o Brasil para apresentar o Pé de Meia, programa social mais inovador do 3º mandato do petista. A iniciativa dá bolsa de estudo para alunos do ensino médio com o objetivo de diminuir a evasão escolar. Em 2022,  foi eleito para o Senado. Tem, portanto, mandato até 2030. Isso daria uma folga para que testasse seu nome nacionalmente nas próximas eleições.

Em outubro, Camilo tirou férias e entrou de cabeça na campanha de Leitão, que se filiou ao PT em dezembro de 2023, depois de uma trajetória política no PDT. A vitória na principal cidade do Nordeste e 4ª maior do país era considerada fundamental para segurar a expansão da direita na região. O ministro participou ativamente de peças publicitárias e comícios.

Lula esteve duas vezes em Fortaleza. Participou da convenção que lançou oficialmente a candidatura de Leitão em 3 de agosto e participou de um comício em 11 de outubro.

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