Em 22 cidades visitadas por Lula, 16 de seus candidatos fracassaram

Os resultados das eleições deste domingo (6.out.2024) mostram que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não conseguiu ter influência suficiente para ajudar a eleger aliados em 22 cidades que visitou desde 20 de julho, quando começaram as convenções partidárias. Só 6 candidatos tiveram sucesso ou foram para o 2º turno.

Nesse período, o presidente fez viagens institucionais aos municípios para anunciar investimentos do governo federal e obras nas regiões. Embora tenha falado sobre candidatos em alguns dos eventos ou entrevistas que deu nas visitas, praticamente não participou de atos de campanha. No total, Lula esteve em 26 cidades, mas em 4 não declarou apoio a ninguém.

Dos nomes apoiados pelo petista, apenas Eduardo Paes (PSD) se reelegeu para a Prefeitura do Rio. Embora tenha o apoio de Lula, Paes evitou usar a imagem do presidente na sua campanha por constatar que sua rejeição aumentava.

Lula subiu apenas no palanque de Guilherme Boulos (Psol), candidato a prefeito de São Paulo. O deputado federal passou para o 2º turno neste domingo ao obter 29,07% dos votos válidos (aqueles dados ao candidato excluídos brancos e nulos). Ele disputará a prefeitura com Ricardo Nunes (MDB), que obteve 29,48% dos votos válidos. O 2º turno será realizado em 27 de outubro.

Ainda assim, a presença do petista no pleito paulistano ficou aquém do que a campanha de Boulos esperava. Desde julho, quando sua candidatura foi oficializada, o deputado contou com a presença de Lula em apenas 2 dias:

  • 24.ago – participou de 2 comícios: no Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, e na Praça Aleixo Monteiro Mafra, conhecida como Praça do Forró, em São Miguel, na zona leste;
  • 5.out – participou da “Caminhada da Arrancada da Vitória”, último ato de campanha de Boulos.

Na 4ª feira (3.out.2024), Lula participou de uma live com o deputado que durou apenas 9 minutos e teve baixa audiência.

A vitória de Boulos é considerada pelo presidente a maior prioridade neste ano. O PT destinou R$ 30 milhões para a candidatura do psolista, que tem a ex-prefeita Marta Suplicy (PT) como candidata a vice.

PERDEU ALIADO EM BELFORD ROXO

Em Belford Roxo (RJ), cidade da baixada fluminense que sintetizou a disputa entre Lula e seu principal adversário político, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o petista apoiou o sobrinho do atual prefeito, Waguinho Carneiro (Republicanos), Matheus Carneiro (Republicanos), conhecido como Matheus do Waguinho.

Em 12 de setembro, exaltou a gestão de Waguinho ao participar de compromisso oficial, em que inaugurou um hospital infantil e lançou uma rede de cuidado integral a gestantes e bebês. Por se tratar de um ato de governo, não poderia pedir votos diretamente, mas os elogios feitos ao aliado foram entendidos como endosso à candidatura de Matheus.

O candidato, porém, perdeu no 1º turno para Márcio Canella (União Brasil), aliado de Bolsonaro e do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL). Matheus do Waguinho obteve 35,20% e Canella, 62,88%. Com a derrota, Lula perdeu seu ponto de contato com a Baixada Fluminense, área composta por 13 municípios no Estado do Rio de Janeiro e muito influenciada pelo poder paralelo das milícias (grupos armados que atuam como polícia informal em várias regiões).

OUTRAS CIDADES

Em visita a Goiânia (GO) em 6 de setembro para atos oficiais, Lula disse em entrevista que gostaria de voltar à cidade para participar de comício com a deputada federal Adriana Accorsi (PT). Não voltou à capital goiana no 1º turno. Accorsi teve 24,44% dos votos válidos neste domingo e acabou de fora do 2º turno ao ficar em 3º lugar na disputa.

Mesmo em cidades em que emplacou um nome no 2º turno, candidatos petistas quase ficaram de fora. Em Porto Alegre, com Maria do Rosário, o partido quase viu o prefeito Sebastião Melo (MDB), apoiado por Bolsonaro e criticado pela falta de preparo logístico da capital durante as enchentes de maio, levar no 1º turno. Ele teve 49,72% dos votos válidos.

Em Caucaia, no Ceará, o candidato Waldemir Catanho (PT) só passou para o 2º turno por 8 votos: teve 47.617, contra 47.609 de Emilia Amorim (PSDB). Na pequena Riachão do Poço (PB), o candidato petista, Francisco Porfírio, só recebeu 15 votos. O eleito foi Marcelo, do União Brasil.

Como o Poder360 mostrou, a ausência do principal nome do PT e mais experiente político do país nas campanhas eleitorais país afora frustrou o partido, que esperava contar com maior presença de Lula. O presidente acabou se dedicando a gravar vídeos com candidatos por onde passou ou em Brasília.

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