Lula vai ao México enquanto Bolsonaro terá semana eleitoral intensa

Em dezembro de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou com a militância do PT que as eleições municipais de 2024 seriam uma disputa dele com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A uma semana do 1º turno, o petista embarca para o México e diminui ainda mais as chances de participar de campanhas, enquanto seu adversário terá uma semana cheia de atos eleitorais em 4 Estados.

“Eu, sinceramente, acho que nessa eleição vai acontecer um fenômeno, vai ser outra vez Lula e Bolsonaro disputando essas eleições no município. E vocês sabem que não pode aceitar provocação, não pode ficar com medo, não pode ficar com vergonha, não pode ficar com o rabo no meio das pernas”, declarou o petista em dezembro de 2023.

Lula embarca neste domingo (29.set.2024) para a Cidade do México. Acompanhará a posse da nova presidente do país, Claudia Sheinbaum. Será a 8ª viagem internacional do petista em 2024. Ao voltar ao Brasil, em 1º de outubro, o chefe de Estado terá passado 22 dias fora do país no ano até aqui.

No México, Lula não tem compromissos marcados para este domingo (29.set). Na 2ª feira (30.set), entretanto, o presidente encontrará com seu aliado e presidente que está de saída do cargo Andrés Manuel López Obrador e com sua sucessora, Claudia Sheinbaum.

O petista também participa do fórum Brasil-México. Organizado por ApexBrasil, Ministério da Indústria e Comércio e Itamaraty, o encontro deve reunir cerca de 300 empresários brasileiros e mexicanos de diferentes setores produtivos.

Na 4ª feira (1º.out), o presidente participa dos atos relacionados à posse de Sheinbaum e retorna ao Brasil no mesmo dia. Na comitiva presidencial estarão os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e das Mulheres, Cida Gonçalves. Além disso, o Poder360 contabilizou ao menos mais 27 assessores e seguranças que acompanharão a viagem.

BOLSONARO PRÉ-1º TURNO

Enquanto isso, no Brasil, Bolsonaro vai para o interior de São Paulo tentar ajudar aliados em São José dos Campos, Taubaté e Guaratinguetá.

Lula deveria fazer seu tour por São Pulo no sábado (28.set), mas cancelou antes mesmo de voltar dos Estados Unidos. O petista estava com a agenda apertada por viagens internacionais e participaria de atos eleitorais na capital e região metropolitana.

A ideia inicial do Planalto era que Lula aproveitasse o fim de semana no Brasil entre viagens a Nova York e ao México para ajudar nas campanhas de Guilherme Boulos (Psol) e de outros candidatos aliados nos arredores da capital paulista.

A vitória de Boulos é considerada pelo presidente a maior prioridade eleitoral deste ano. No fim de agosto, Lula foi a 2 comícios ao lado do psolista em São Paulo. Também participou de propagandas eleitorais do candidato.

A cúpula do PT ainda não descarta que Lula vá à capital paulista antes do 1º turno. As datas para isso, entretanto, ficaram ainda mais escassas com o cancelamento.

SEM PALANQUE FORA DE SP

O presidente não deve ter eventos 100% eleitorais fora de São Paulo nem no 2º turno. A expectativa é que o petista faça atos institucionais nos Estados e aproveite viagens para gravar vídeos e estar com os candidatos, mas é improvável que haja palanque, carros de som e similares.

A equipe de Lula ainda estuda encaixar visitas como essas a Teresina e Recife antes do 1º turno. São as capitais com nomes aliados competitivos que faltam ser visitadas pelo chefe de Estado. Outra capital na mira é Natal (RN). Só que nenhuma das viagens foi confirmada.

O Planalto mapeou 8 cidades em que candidatos do governo enfrentam nomes próximos ao bolsonarismo: São Paulo, Rio de Janeiro, Belém, Rio Branco, Fortaleza, Teresina, Recife e Goiânia. Ainda assim, poucas dessas devem receber Lula até o fim das eleições.

Até o PT está cético com a participação de Lula nos pleitos municipais de forma mais ampla. O partido do presidente avalia que ele só subirá em palanques se tiver certeza de que será decisivo no resultado.

A ausência do principal nome do partido vem frustrando a cúpula petista, que esperava maior engajamento do chefe do Executivo para conquistar ao menos uma prefeitura de capital.

Para isso, entretanto, o presidente precisaria ir além do expediente para participar das campanhas. Isso porque a legislação proíbe que agentes públicos participem de atos eleitorais durante o horário de trabalho. Também veta o uso de recursos públicos para tal finalidade. Dessa forma, o PT teria que arcar com as viagens do presidente.

Outro problema seria a logística. Ainda que seja para um evento não oficial, a equipe de segurança, comandada pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional), e seus assessores trabalham antes e durante suas viagens.

O PT gostaria que o presidente estivesse presente nas campanhas em Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG), Fortaleza (CE), Vitória (ES), Natal (RN) e Goiânia (GO). Em 2020, o partido não ganhou em nenhuma capital e espera reverter esse cenário em 2024.

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